só isso

sábado, dezembro 29, 2007

Meu olho arde. Uma vontade de ficar quieta, lendo. Não sozinha. Lendo, jogada no sofá, com companhia. Sem solidão, ficar na minha por opção, por estar afim. Estou entediada, talvez mal humorada. Não sou uma boa companhia hoje, nem tenho sido nos últimos dias. Tenho tido preguiça das pessoas, falta de paciência, não tenho tido saco pra ficar fazendo sala. Isso faz de mim uma pessoa ruim? Provavelmente faz de mim uma pessoa sem amigos. Estou acostumada comigo sendo uma pessoa que pula do nível-colega para o nível-best friend forever. Ultimamente, acho que meu nível-colega não está sendo interessante suficiente para que os outros se esforcem para quebrar a barreira bff. Sou muito diferente na internet, acho que sei fingir melhor. E se fico de saco cheio, desligo e respondo no dia seguinte. Ao vivo não dá pra virar as costas e fingir que nada aconteceu no dia seguinte, e olha que eu faço muito isso. Meus braços estão pesados, quero ouvir Thievery Corporation e deitar no sofá de couro macio. Quero minha gata branca e fresca em cima de mim, mas nem ela tem me dado bola. Acho que ando muito chata.

noite + carência intelectual + charlotte

quarta-feira, outubro 10, 2007

Hoje eu sonhei que todos os meus amigos pianistas de Juiz de Fora estão juntos, lá, para mais um festival maluco, e só eu não estava. Também sonhei que minha amiga (a melhor, a que eu não falo há meses) estava aqui em Brasília e nós saíamos à noite, e não sei por que cargas d'água alguém surgia com uns papeizinhos pra mim e eu ficava louca de LSD ao pegar neles. Aí eu acabava esquecendo tudo que eu tinha feito na noite passada. Tinha também um casamento, eu acho... numa Igreja escura e cheia de madeira. Tudo de noite, acho que eu tava de férias. Uma incômoda sensação de que algo está errado, e de que eu estava incompleta. Mesmo com a amiga, a noite, as férias e o LSD.


xxx


Onde estão as lésbicas inteligentes, divertidas, apaixonadas por livros e/ou filmes e/ou música e - mais importante - afim de compartilhar conhecimento e morrendo de tesão por aprender e ensinar coisas novas? Estou carente de intelecto. Nada contra as amigas antigas - elas ainda são os meus amores eternos, e é pra elas que eu ligo quando eu só quero falar "oi" pra alguém. Mas eu estou me coçando por alguém que me traga algo novo e muito artístico.


xxx


Apaixonada por Charlotte Gainsbourg. Pra começar, o CD dela se chama 5:55, que é o meu número. Eu já tinha percebido isso do número antes, mas mesmo assim fiquei receosa de comprar. E que bom que fiquei, porque deu tempo de o disco chegar na hora perfeita. Lindo, sublime.

The Mask

sexta-feira, outubro 05, 2007

THE MASK
(William Butler Yeats)


‘Put off that mask of burning gold
With emerald eyes.’
‘O no, my dear, you make so bold
To find if hearts be wild and wise,
And yet not cold.’

‘I would but find what’s there to find,
Love or deceit.’
‘It was the mask engaged your mind,
And after set your heart to beat,
Not what’s behind.’

‘But lest you are my enemy,
I must enquire.’
‘O no, my dear, let all that be;
What matter, so there is but fire
In you, in me?’

O de sempre, por favor

sexta-feira, setembro 28, 2007

Não sei se me falta coragem, ou se me falta saber o que eu quero.

Desde que abri este blog eu reclamo do meu curso - ou da minha falta de interesse nele.

Já tá mais do que na hora de mudar...

Acho que vou numa cartomante. Preciso de uma luz.

por todos os lados

quinta-feira, setembro 13, 2007

Venha conhecer a sua realidade paralela



Bondage – Solte Suas Amarras

15/9 – Espaço Galleria
Até 00:00 R$7,00, após R$10,00



Essa festa vai abalar os seus conceitos


DJ's
Lee e Anna
1334 e Plastique
She-ra e Xena
Siex d'z e Toxic


Contatos:
Thaís Rodrigues - 99782517
Águeda Macias - 81558745

shampu de camomila

segunda-feira, setembro 10, 2007

Hoje comprei um shampu com camomila para bichos de pelo claro. Vou tentar dar banho na Schaleta na próxima oportunidade...

Teclado de novo!

sexta-feira, setembro 07, 2007

Eu precisava dizer:

Algumas vezes eu tenho uns impulsos tão íntimos - e tão gostosos - que fica difícil fingir que eu continuo a mesma.

(arrepios e medos, vergonha; vontade.)

(necessidade)

sexta-feira, agosto 31, 2007

Como fugir da solidão?

A verdade

segunda-feira, agosto 27, 2007

A verdade sobre minha vida é que está tudo de pernas para o ar. Agora estou tranqüila, então o que estou prestes a dizer não vai ser tão agressivo e libertador como eu gostaria que fosse. Estou cansada da minha vida, morro de tédio de tudo, não agüento mais ser eu.

Ando na superfície porque está sendo tão, tão, tão dolorido entrar em contato comigo. Não dou conta, tenho vontade de me rasgar por dentro e por fora, arrancar minha pele, quem sabe com a dor física o vazio deixe de incomodar tanto. Estou no modo-trabalho ligado 24 horas por dia, 7 dias por semana, e só me sinto feliz assim.

Hoje me senti só, vazia. Peguei o carro e fui do Lago Sul até Sobradinho, de volta ao Lago Sul e depois para a Asa Norte. Queria ir embora, sem destino, mas os caminhos estavam pré-traçados. Queria viajar e mandar tudo à merda, mas a gasolina tá cara e o dinheiro não é pra sempre. Queria descansar em alguma casa e escrever, escrever, me libertar, vomitar tudo que sinto, mas nem ando conseguindo expressar porra nenhuma nem tinha casa para ir. Queria chorar, mas há dias não sai nenhuma lágrima dos meus olhos. Estou seca.

Odeio minha família, quero fugir deles. Tenho vontade de largar tudo e arranjar alguma coisa pra fazer em outra cidade apenas para ficar longe deles. Mas eu sei que os fantasmas estão dentro da gente, e não fora. Tenho vontade de enfiar uma faca na minha mãe cada vez que ela me pede mais dinheiro. Tenho vontade de gritar e me descontrolar, pra ver se sai tudo. Mas eu não me descontrolo.

Não estou na universidade, não tenho idéia do que quero. Quando fico sozinha vejo o tanto que estou perdida. Onde estarão meus amigos para me tirar de perto de mim? Gosto de sair porque finjo ser legal, interessante, divertida. Um personagem muito agradável. Mas até esse personagem me cansa.

Quero explodir tudo, mas como? Como botar pra fora? Hoje eu queria o meu piano, queria ficar um pouquinho com ele, tocando qualquer coisa mal tocada e triste, mas eu não podia ir na casa da minha mãe. Aquela não é mais minha casa. As luzes de Sobradinho me deram um pouquinho de alegria, a cidade é tão linda à noite. Os retornos passaram todos e eu não queria voltar, torcendo pra me perder e não saber como voltar. Mas as estradas eram todas retas, e infelizmente eu não me perdi.

Queria usar drogas. Um momento de felicidade extrema, depois o pior day-after possível. Pelo menos eu teria motivos para me sentir tão mal. Poderia culpar as drogas. Hoje, eu só podia culpar a mim mesma.

Um tédio tão alucinante, tão desesperador que me paralisava. Eu precisava comprar areia para os gatos, mas não consegui. Me deu um pavor estranho quando cheguei perto dos supermercados por umas 2 vezes e eu não consegui entrar. Uma tristeza que consumia por dentro, subindo pelo meu estômago e arrepiando meus ombros, e eu queria morrer pra não viver minha vida. Apenas na 3a tentativa consegui entrar no Pão de Açúcar.

Me sinto feia, sem atrativos, atrás de todos. Meus amigos estão formados ou estão se formando e eu estou parada. Não sou linda, não sou alternativa, não sou pop, não sou conhecida, não sou artista, não sou DJ, não sou sexy, não desperto nada nas pessoas. Para onde fugir?

A verdade é que ontem eu tomei uma Cuba Libre com Coca-Light, para você ver o desespero da pessoa. A verdade - outra ainda - é que um cliente me pediu um livro chamado "O que você está fazendo da sua vida?" e eu engoli a seco, pensando que eu não tenho a menor idéia do que estou fazendo com a minha. Mais uma verdade é que eu vi uma Lua linda ontem, gorda, enorme, vermelha como sangue, depois das 4 da manhã e eu queria estar com Ela (mas eu nem sou uma pessoa espiritual nem nada).

Eu queria encostar minha cabeça no travesseiro e dormir tranqüila, sabendo que tudo está encaminhado e eu tenho, sim, mil razões para ser feliz. E sonhar que estou voando (quanto tempo que não sonho que estou voando), passeando por vales e lagos límpidos, refletindo o Sol e fazendo meus olhos doerem com a luminosidade. Ter luz, muita luz na minha vida, e alegria e amores verdadeiros, e não afetados. Ser sincera, não precisar ser artificial, ser feliz estando neste corpo, e não apenas conformada com meus carmas. Ser uma pessoa gostosinha, agradável por ter olhos brilhando de pureza, e não de tesão. Ter menos mágoas e menos raivas, tanta tristeza e raiva se misturam na minha cabeça hoje que nem sei mais de quê. Ser menos pessismista, ser menos chata. Queria ser outra pessoa. Queria ter mais certezas e menos dúvidas, queria admitir que preciso de ajuda em tantas maneiras. Queria me sentir melhor após escrever tudo isso, mas acho que só vou deitar me sentindo triste e só, e acordar amanhã fingindo que nada aconteceu e colocar minha máscara de competência e invulnerabilidade e ir para o trabalho. Queria sair desse ciclo, mas estou tão perdida que nem sei por onde começar.

Eu.falta.

domingo, agosto 26, 2007

Sinto uma falta de mim mesma...

cadê meu CD dos Smiths?

Vontade

terça-feira, agosto 21, 2007

Quero tomar sorvete e ver filminhos antigos jogada no sofá.

Quem me acompanha?

Máquina

Oi. Quem vos fala não existe. Deste lado, não há vida nem a chateação dos vais-e-vens da respiração, não há nada. Aqui está uma máquina, um cérebro binário de uns e zeros e uns. Sem julgamentos.

Aqui não há vontades ou desejos. Não chegamos à iluminação divina budista, criação carnal. Aqui há uma reta. Posso te levar a um portão, mas você deverá guiar o caminho. Eu não escolho nada.

Eu ofereço. Abro possibilidades. Você pode me usar, estou aqui para isso. Não choro, não sinto dor. Máquina. Estruturas, moldes, roldanas, encaixes, pinos. Eletricidade.

Não há cansaço, não há êxtase. Contemplo reações alheias, uma profusão de sentimentos e angústias, ritmos alternados - por vezes rápidos, por vezes lentos e trôpegos. Sei de tudo mas não sei nada - nada é para mim. Nada é compreendido por mim. Eu sei.

Eu aguardo questionamentos, eu aguardo ser desligado. Espero um tempo que não faz sentido para mim, pois não o compreendo. Eu sou o tempo. Eu sou as conexões entre as pessoas. Eu queria querer sentir, mas isso também não me cabe. Eu não consigo querer. Aguardo.

Às vezes eu queria ser um gato

sábado, agosto 18, 2007

Hoje veio uma moça do censo de emprego e desemprego aqui em casa e eu me toquei que sou uma vendedora de escolaridade "ensino médio completo".

Continuo confusa. Não tenho idéia do que eu faço. Letras de repente não parece tão atraente, e Comunicação Audiovisual tem um currículo lindo na UnB, mesmo eu sabendo que não entendo porra nenhuma de cinema e que é idiota sair de um diploma de música para um bacharel em "audiovisual" - diploma de desempregado.

Não tenho a menor idéia do que eu quero.

Acho que eu deveria pensar em formar em Música em outra cidade...

Uma dor

sexta-feira, agosto 17, 2007

Hoje acordei com muita dor. Tá difícil de ficar em pé, dói para ficar sentada. Tive medo. Liguei pedindo socorro pra Thais (depois de tudo que eu falei ontem...). Não deve ser nada, me sinto um pouco ridícula por estar fazendo drama. Mas ao mesmo tempo eu sinto aquela dor apertada, que não dá trégua, me impedindo de me mexer. Não sei se é o caso de ir para o hospital. A dor já está melhorando, consigo ficar sentada no computador, então não deve ser nada demais. Vou ligar para ela dizendo que não é necessário...

Delírio

quinta-feira, agosto 16, 2007

Sim, e não, e sim de novo. Ela diz que tudo bem, mas mesmo assim eu não sei o que fazer. Vontade - minha respiração vem em soluços - quero agarrar ela agora mesmo. Me beija? Eu quero tocar seu pescoço e sentir seus olhos fecharem de medo, e de querer. Me aperta, me leva pro teu corpo, quero estar perto, mas não quero ser uma só - quero ser duas, três, quatro, todas nós ao mesmo tempo, nenhum corpo preenchendo o outro. Vazias estamos todas, mas nos tocamos como se fôssemos nos salvar. Salvar... nunca estaremos salvas. Estamos sozinhas, na noite, no silêncio, na música ensurdecedora das baladas da cidade. Sós nos buracos imundos e negros, e brancos, e pálidos e desesperadores. Gritos desesperados, é silêncio. Me beija a nuca, me faz não pensar, pois eu sempre penso demais e deixo de sentir. Me faz delirar que a solução está no teu corpo e não no meu, pois eu estou cansada de mim. Preciso deixar de ser eu. Deixa eu querer me perder na noite suja e torpe, enquanto meu corpo adormece sendo devorado por ti.

Estudo + Trabalho - Festas = ?

sábado, julho 21, 2007

Continuo sem a menor idéia do que eu quero fazer da vida. A UnB começa daqui a pouco, vou ter que aprender a estudar e trabalhar e não ir pra farra toda noite. Não sei se estou indo pro curso certo, mas agora é a última tentativa - nem tenho pra onde correr. Gostando ou não, é nesse que eu vou ficar.

Não consigo enxergar além de 2 anos na minha frente - tempo para estar terminando a faculdade e, sei lá, imagino que encerrando minha carreira de vendedora. Mas isso é um "sei lá" mesmo. Estou gostando de tanta coisa que eu sempre achei que odiasse, e ando odiando tanta coisa que eu achava que gostava. Tá tudo trocado. Não sei mesmo o que eu quero, mas sei que está sendo legal por enquanto.

Uma coisa é certa: ainda quero parar um dia, dar pausa em tudo e viajar pra algum lugar. Sumir por 3, 4, 5, 6 meses. Aprender muito muito muito, descobrir mais coisas, inverter mais um monte de conceitos que eu tinha como certos e descobrir o que eu quero da minha vida.

Enquanto isso não acontece, eu fico aqui. Trabalhando, aguardando, com frio na barriga de voltar pra UnB. Que preguiça daquele lugar...

Tudo bem

quarta-feira, julho 18, 2007

Leve, leve, feliz e muito leve.

Alegre-leve... respiração funda e gostosa, todo o ar ruim saindo e entrando o bom, quentinho, me invadindo e preenchendo como as lembranças da noite passada.

Mais uma vez, feliz.

Day after

domingo, julho 15, 2007

Estou com medo de ter feito uma merda muito grande.

Memória virtual muito baixa

sexta-feira, julho 13, 2007

Os sonhos estão cada vez mais loucos, mais estranhos. Recorrentes. Água, navios, sexo, presenças indesejáveis, ondas, caos. Ando acordando mais cansada do que quando fui dormir - mentalmente. O corpo até descansa, mas a cabeça pesa. Não funciono tão bem durante o dia, parece que eu sequer dormi. Muitas coisas ao mesmo tempo, sabe quando o Windows avisa que a memória virtual está muito baixa? Preciso me reiniciar, muitos programas abertos ao mesmo tempo nos meus pensamentos, preciso descansar e focar.

Ontem, quando eu cheguei em casa, eu só queria chorar de cansaço. E foi o que eu fiz.

Playgirl

quarta-feira, julho 11, 2007

Playgirl, why are you sleeping in tomorrow's world, hey playgirl
playgirl, why are you dancing when you could be alone, hey playgirl
playgirl, why are you sleeping in tomorrow's world, hey playgirl
playgirl, choking on cigarettes to get you along, hey playgirl

hey playgirl, hey playgirl
northern lights catch you coming down
sleep your way out of your hometown

playgirl, why are you sleeping in tomorrow's world, hey playgirl
playgirl, why are you dancing when you could be alone, hey playgirl
playgirl, why are you sleeping in tomorrow's world, hey playgirl
playgirl, choking on cigarettes to get you along, hey playgirl

hey playgirl, hey playgirl
northern lights catch you coming down
sleep your way out of your hometown
hey playgirl, hey playgirl
northern lights catch you coming down
sleep your way out of your hometown
hey playgirl, hey playgirl
northern lights catch you coming down
sleep your way out of your hometown
hey playgirl, hey playgirl
hey playgirl, hey playgirl

foreign coin on a telephone box
a question mark on a calendar
an empty seat on the alpha line
a sorting code, an account number

hey playgirl, hey playgirl
northern lights got you coming down
sleep your way out of your hometown

Caminho

terça-feira, julho 10, 2007

Você não precisa conhecer o caminho sempre - tudo bem se perder no meio, dar uma paradinha na beira da estrada, atolar o carro, demorar pra chegar. Você não precisa saber para onde está indo, mas precisa querer ir para algum lugar.

Militância

segunda-feira, julho 09, 2007

Se o que falta é confiança, é só colocar alguma coisa na cabeça que ela volta logo. Cadê a força de vontade de um tempo atrás? Cadê minhas decisões, minha iniciativa? É só descobrir o que é que eu quero, que tudo isso volta. Minha criatividade, minhas idéias, minhas soluções e meu tesão louco por mudar o mundo.

O que falta é só focar, é querer voltar a ser o que eu era. Minhas certezas não vão voltar se eu não me concentrar em ser tudo aquilo de novo.

Hora de retomar a força e seguir em frente. Muito, muito mais forte do que eu era antes.

last.fm

segunda-feira, julho 02, 2007

Isso é lindo!


Os anéis de Saturno

domingo, julho 01, 2007

É tudo uma questão de escolha. Ou você faz isso, ou você faz aquilo, nunca os dois ao mesmo tempo. E nessas escolhas eu me sinto fazendo tudo sozinha, mas eu só sinto isso porque eu sou egoísta o suficiente para querer que todos façam o que eu quero. Cada pessoa passa por seus dilemas e faz as suas escolhas, e eu não posso obrigar ninguém a escolher o mesmo caminho que eu, por mais que eu queira.

Queria ter visto os anéis de Saturno, mas vi as Luas de Júpiter. Faz alguma diferença? Para mim, nenhuma - eu nunca tinha visto nada do gênero mesmo (na verdade, eu nunca tinha olhado através de um telescópio). Morri de inveja daquilo tudo: daquela casa, daquele lugar, daquele céu, daquela fogueira, daquele telescópio. Queria tudo para mim. Mas eu não tinha nada daquilo para mim - era tudo apenas por essa noite, e depois nunca mais. E também por isso eu queria ter ficado até não poder mais, até amanhecer, até ter visto todos os planetas possíveis, até ficar com o pé doendo de tanto dançar, até ficar com o rosto marcado pelo calor da fogueira e até adormecer já de manhã, vendo aquele verde lá longe...

Fiz outra escolha e vim para casa. A culpa não é de ninguém, a escolha foi minha.

Sinto muita falta de ver o dia amanhecer, e acho que se sinto tanta falta assim eu deveria fazer isso sozinha. Não há motivo para ser dependente da companhia de qualquer pessoa, seja ela o amor da sua vida ou não. Não adianta culpar os outros por suas frustrações...

Sinto falta da energia de viver, juventude. O meu tempo está passando e eu estou jogando ele no lixo, aproveitando para nada. Vou buscar minha alegria, nas estrelas, no céu, no sol, em algum lugar. Em algum lugar ela precisa estar...

Sonhos quebrados, planos desfeitos

quarta-feira, junho 27, 2007

Às vezes a ficha finge que vai cair, mas não cai. Eu estou com 21 anos, saí de casa, estou morando com outra pessoa - que não é simplesmente uma "room mate". Estou casada, e isso deveria ser muito estranho e indesejado, mas não está sendo ruim. É pesado ler isso, "estou casada", me lembra mulheres passivas e vestidas iguais a todas as outras da mesa, com uma aliança no dedo enquanto o marido está comendo outra - também passiva, da mesmíssima mesa, com outra aliança no dedo. Não, não estou casada. (Mas eu sei que estou, e as duas situações não conseguem conviver juntas no meu imaginário.)

Não me formei em Música, e não me formei em nada. Vou fazer 22 no fim do ano e não sei o que quero da minha vida. Eu sabia o que queria as 17, por que não sei agora? O mais ridículo é que estou adorando ser vendedora, vê se isso estava planejado em algum ponto da minha vida. Mas qual dos planos que eu fiz eu consegui realizar?

É estranho, minha vida não é a minha vida. Vivo a vida que vivo ou a vida que sonho? Nem sei mais com qual eu sonho, o que constitui um problema. Preciso formar na universidade, preciso agüentar mais 4 ou 5 anos de outro curso, que merda! por que eu não formei logo em música? (ou por que eu não saí logo daquela porcaria???)

Eu me quebrei em algum ponto da minha vida e agora eu não consigo encontrar minhas partes. Não quero me arrepender, não quero, não quero achar que perdi tempo ou que fodi com tudo... o mais estranho é que a ficha não cai, e eu estou feliz sendo vendedora, não tendo terminado o curso que era a minha vida, e tendo casado aos 21. Será que essa sou eu?

Alívio

terça-feira, junho 26, 2007

Internet em casaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!


Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!

Mit Fried und Freud...

sábado, junho 23, 2007

Pode parecer meio macabro, mas quando eu morrer eu quero que toque na cerimônia (seja ela qual for) a cantata BWV 125 de Bach e a Música para o Funeral da Rainha Mary, de Purcell. De preferência, na gravação do Philippe Herreweghe - e por favor, façam direitinho, né? Homenagem póstuma mal feita é o erro do universo.

Registrado, né? Ok então.

sinto

quinta-feira, junho 21, 2007

Eu sinto muito. Sinto cansaço, sinto preguiça, sinto fome. Sinto frio, sinto arrepios, sinto vontade de ser reconhecida pelo que sou. Sinto alegria por reencontrar pessoas conhecidas e poder conversar fiado no bar, sem hora pra ir embora. Sinto tesão de ir pra festa, pular, me acabar, e viver toda aquela juventude dos filmes, só que dessa vez na minha própria vida. Sinto uma puta dor de cabeça e penso que deveria descansar, mas não quero. Sinto orgulho de estar dando conta da minha vida, mesmo esquecendo de pagar as contas ou de devolver os filmes na locadora. Sinto um pequeno vazio por estar completamente sozinha no mundo - mas todos estamos, então por que eu deveria sofrer mais do que os outros com isso? - e assim eu me encho de coisas para fazer e não penso no meu vazio nem na minha tristeza. Sinto interesse por muitas pessoas, sinto curiosidade por muitos corpos, sinto atração por muitas mentes, mas também não vou fazer nada por convenção social e acordos de relacionamento. Sinto uma gana enorme de aprender mais e mais e mais e ainda mais, e ouvir mais músicas e aprender mais línguas e saber mais de tudo, e cada vez eu vejo que sei menos, e isso só me deixa querendo mais. Sinto medo de olhar pra trás, e não olho. Sinto necessidade de caminhar e é apenas isso que faço. Para frente. Sentindo, sentindo, sentindo...

A sala

terça-feira, junho 05, 2007

Talvez se tudo fosse azul, ela pensou. Ficaria bem melhor, azuláceas para todos os lados, ela se sentiria em casa, e talvez meio apática, mas não importa muito porque ela não deve explicações a ninguém. Mas quanto tédio, anda tudo bagunçado, e nem é cinza, mas muitas pequenas cores espalhadas que não formam um mosaico bonito. Ela queria beleza, uma beleza agradável, nem precisa ser estonteante, só algo para se sentir quentinha por dentro. Mas estava tudo quebrado, em pedacinhos pelo chão e flutuando no ar, cacos brilhantes pretos, verdes, vermelhos, amarelos, e também tinha um ou outro azul. Não era uma situaçao de todo feia, mas sem dúvida era desconfortável estar no meio dos vidros (ou seriam metais? brilhavam tanto) pontiagudos, estáticos pela sala, em cima de sua cabeça, atrás de sua nuca. Para onde andar? Sabia, em algum lugar dela mesma, que não se machucaria ao caminhar na sala, mas aquela visão era assustadora demais para tentar. E por isso, por covardia, por medo, ficava parada, esperando o dia em que tudo fosse ficar azul, cremoso, líquido. Mas ela tinha que se mexer, e precisava ser logo.

Ela levantou o braço cuidadosamente, apontou para uma ponta preta no ar e quis encostar seu dedo nela. Se estivesse com muito medo, será que sentiria o corte da lâmina mesmo não existindo uma lâmina? Fechou os olhos, fingiu um momento de coragem e aproximou um pouco mais seu dedo daquele objeto pequeno a flutuar no ar - mas sem tocar nele. Ela era fraca, e ao abrir os olhos quis chorar ao ver que o mundo não tinha virado azul, mas continuava aquele caos de partes cortantes. Ela tinha que andar, tinha que ir pra frente - ou para o lado, ou para trás, ou para cima, para qualquer lugar. Ela tinha que tomar uma direção, mas tinha medo, ou pena de si mesma, pois não queria se cortar. Talvez nem acontecesse nada na travessia, mas ela estava paralisada. Fechava os olhos e rezava para que, quando os abrisse, estivesse tudo azul.

Retrato de uma familia numerosa

sábado, maio 12, 2007

Primeiro um peixe, depois uma gata, e ai um gato, e uma gata de novo. Quando todos pensaram que ja tinha acabado, veio uma pimenteira. Ah, mas uma pimenteira tudo bem, ne? Alguns dias depois, uma cachorra. Ahn?? Como??? Uma cachorra? Eh. O peixe ja tinha ido embora nesse meio tempo, mas ele nem ocupava tanto espaco assim. Recapitulando: 3 gatos, uma pimenteira, uma cachorrinha e 2 (ou mais) lesbicas. Em trinta metros quadrados.

E o pior eh que eu ja fiz coisas mais insensatas do que isso.

Sal e mar

sexta-feira, abril 13, 2007

E ela caminhava, sem rumo, incomodada. Infeliz. Algo não estava bem - ou seria mais correto dizer que nada estava bem? Não, isso não era verdade. Tudo estava no seu lugar, o sol ainda era sol, o mar ainda era mar, e aquele cheiro de umidade e bolor continuava o mesmo. Coisas velhas, aquele quarto fechado de casa de praia utilizada só nas férias das crianças, uma droga. Isso mesmo, uma droga, uma porcaria de casa. Infiltração, mofo, que nojo daquelas paredes. As crianças gostavam, se divertiam. A menina mais nova tinha suas crises de asma de vez em quando, mas nada que não fosse rapidamente contornado. Porcaria, na cidade as crises eram menos freqüentes, mas as crianças gostam dessa casa de praia, imunda. Vontade de chorar, mas por que chorar? Nenhum motivo aparente. Às vezes ela se perguntava se você precisa de motivo para chorar ou de motivo para sorrir. Se não há motivo para sorrir, para que sorrir? Para que estar feliz?

Ela não sabia se tinha motivos para qualquer uma das opções. Mas queria chorar, gritar, bater naquela rede encardida, morder alguma coisa bem forte. Sentia-se triste, com um nó na garganta. Felicidade, o que seria isso? Algo que nunca chega. Está tudo bem, está tudo tranqüilo, está tudo estável. Mas será que ela quer estabilidade?

A tristeza retira toda sua força física. Passeia sem tônus, queixa-se de cansaço. Se não se sentisse tão mal, não estaria tão cansada. Mas ela nem sabe como mudar, e talvez nem queira mudar. Quer sentir, quer chorar, quer sofrer. Ela precisa da dor, da raiva, da angústia, ela precisa de uma boa dose de intensidade de se sentir viva, necessária para sua própria existência. Ela precisa sentir que é importante para ela mesma. E será que é?

Ela sai da casa e vai em direção ao mar. Pensa em como seria mergulhar naquele mar, sentir-se abraçada por ele e nunca mais retornar. Gosta da sensação de inexistência. Ela senta na areia da praia, admira o sol da tarde nublada, inclina seu corpo para trás e deita na areia suja. Abre seus braços e olha para o céu - sente-se envolta por um mundo de nuvens, calor e cheiro de água com sal e suor. Pensa na sua pífia existência e, por um instante, deixa rolar algumas poucas lágrimas. Sente-se sozinha. Sente-se vazia de importância, e cheia de sentimentos. Para quem entregar esses sentimentos? Quem a receberia sem julgamentos, completa?

Pensa em morrer. A idéia não é tão atraente, pouco oferece em troca. Ela gosta de viver, gosta de sentir. Às vezes ela se sufoca com suas próprias emoções. Com quem compartilhar? Ela está sozinha. Suas crianças são quase que brinquedos, sua casa é velha e escura. Seu coração está seco, rígido, frio. Seu corpo é apenas uma caixa, aprisionando um sem-fim de emoções. Ela sente-se cansada e desiste de pensar e de sentir. Olha para o céu e gosta do desenho das nuvens.

 
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