Post duplo

sexta-feira, dezembro 31, 2004

I KNOW IT'S OVER

Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
And as I climb into an empty bed
Oh well. Enough said.
I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Oh ...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
See, the sea wants to take me
The knife wants to slit me
Do you think you can help me ?
Sad veiled bride, please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
(Though she needs you
More than she loves you)
And I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Over and over and over and over
Over and over, la ...
I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me, and said :
"If you're so funny
Then why are you on your own tonight ?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight ?
I know ...
'Cause tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
Over, over, over, over
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
Over, over
Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Love is Natural and Real
But not for such as you and I, my love
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my ...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can even feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my ...

Dia de Ano

Então... hoje é Reveillon. "Dia de Ano"... odiava quando falavam isso lá em casa. Expressão sem sentido... como "meia hora". Meio dia e meia, lá em casa, era sempre "meia hora"... tanta coisa que eu detestava, e agora sinto falta...

Ontem fomos à Petrópolis. Eu me desencantei um pouco... não era como eu achava que era. "Cidade Imperial", então tá. Tem um ou outro prédio antigo, mas a cidade mesmo já está feiosa como todos os pequenos municípios de beira de estrada ou, no caso, subindo a serra. Mas foi legal o passeio, cansativo, mas legal. E um argentino roubou meus chocolates... >=(

Depois do passeio, encontramos o Ross e os amigos dele. Me deu mó inveja... eles tão se divertindo pacas. Eu tô meio... sei lá... cansada, deve ser isso. Já deu minha cota de Rio. E esse Reveillon não ajuda... eu nunca gostei muito de Reveillons, nunca tive um que gostasse... sei lá, é uma data estranha. Não significa nada, mas tem uma energia tão... esquisita. Não sei se boa - pra mim, ela nunca foi muito legal.

Além disso, eu tive sonhos estranhos, ruins... que eu prefiro nem pensar. Mas eu também devo ter tido uns sonhos bons, até lembro da Kika em um deles. Mas os sonhos ruins acabam prevalecendo na memória, que mecanismo estranho...

Estou indo agora almoçar com o Ross no restaurante que meu pai tanto recomendou. Frutos do mar, claro, meu pai falando tão veementemente de algum restaurante só ele sendo de frutos do mar. Eu e a mamãe devemos ir andando pelo Calçadão, procurando ele... hehehe... deve ser divertido. Ai ai... tamos indo.

...e mesmo essa virada de ano não parecendo nem um pouco uma virada de ano para mim, eu deixo aqui meu Feliz 2005 a todos. Um ano muito bom, por favor! Esse já estourou a cota de ruim por, sei lá, 5 anos. Boas festas a todos!

E... como isso aqui já tá um music-log... Rita Lee:



CORRE-CORRE

O ano passado passou tão apressado
Eu sei que foi um corre-corre-corre danado
O ano inteiro eu passei sem dinheiro
Eu sei que foi um tal de segurar essa peteca no ar
Como se fosse empinar papagaio
Nem sempre tem vento
Mas sempre tem jeito pra dar
Quando se trata de vida ou de morte
E se não me engano
No próximo ano vai vir
Aquela dose de cicuta que eu vou ter que engolir
Como se fosse um suco de fruta
Como se fosse eu a grande maluca
Corre-corre-corre

Outro dia no Rio...

quinta-feira, dezembro 30, 2004

Continuando o relato da viagem. Ontem nós fomos ao Museu de Arte Moderna (MAM), muuuuito legal. Descobri que adoro vídeo arte, me diverti pacas vendo os vídeos vanguarda e tal... hehehehe uma menininha tentando subir no elefante... muito psico! Eu não conseguia parar de olhar! Também mantive meu desgosto pelo expressionismo alemão e lembrei de algumas pessoas pelo passeio: vi uns quadros (esculturas?) muito legais que se moviam, que o Fillipe ia adorar ver, vi uns livros de Volpi a cara da Mayra... hehehehe

Falando nela... hoje é aniversário dela! Êêêêê! Parabéns, moça! Comemore bastante, não beba muito, faça uma zona, suba na mesa (ou não), essas coisas. E tirem foto! Eu quero ver. E em homenagem a ela, aí vai uma música que eu acho que cai muito bem na ocasião:



FESTA NO APÊ

Hoje é festa lá no meu apê
Pode aparecer
Vai rolar bunda-lelê

Hoje é festa lá no meu apê
Tem birita até o amanhecer



A letra foi de memória, espero não ter errado. =) Tá, sério agora. Perdi o sono pra achar essa música:



PARABÉNS PRA VOCÊ

Parabéns pra você
Nessa data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida



... era essa mesmo? Essa funciona tão bem! Nah, nah. Tem uma que eu gosto mais, que eu acho que ela não conhece, mas deve gostar da letra:



UM AUÊ COM VOCÊ

Eu queria tanto voar com você
Eu queria tanto encontrar você
Pra fazer um auê com você
Cai, cai aqui na minha mão
Eu não vou deixar cair não
Mulher asa, meu balão

Você voa no céu feito gaivota
Você é um passarinho
Que mergulha no céu pra terra
No seu ninho
Que realizou um antigo desejo
De um homem voar
Com a sabedoria dos passarinhos
Você é dona do mundo

Eu bem queria estar aí com você
Mas me contento em vibrar
E te espero rezando ansiosa
Por uma descida tranqüila e vitoriosa
E depois me encontrar com você
E fazer um auê



É isso aí! Parabéns de novo, e emende para o Reveillon! =)

Estou indo agora para Petrópolis, espero não sentir muito frio! Um ótimo dia para todos!

Direto do Rio!

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Aê! Descobri internet no Hotel! Ai, minha conta... hehehe

Cheguei ontem aqui, o Rio é ótimo, lugar maravilhoso, Copacabana me lembra o Comércio de Belém (estarei eu saudosa demais?), a orla é linda (já andei de Copacabana à Ipanema, hoje vai ser até o Leblon e, depois, desde o Leme!), já andei fazendo compras, tenho meu acessório rosa para passar o Ano Novo e outras cositas más, e o hotel r0x! Nossa, fazia taaaanto tempo que eu não ficava em hotel. Tipo, anos. Muito legal. Aquele cheiro de hotel... aquela cara de hotel, e aquele café da manhã! Hmmm... isso se contar garçom gato. E todos os gringos fofíssimos! hehehehe. E, ainda por cima, o teclado é igual ao meu (com palas e tudo! Viva a interrogação no control+v!)

Tá bem divertido por aqui, eu e minha mãe chegamos num acordo sobre os passeios e deveremos andar bastante por esses dias. Que mais? O Ross deve chegar hoje, ele estava em Cabo Frio. Acho que a gente só vai se encontrar mesmo amanhã.

Beijões pra quem tá em Brasília, eu juro que levo fotos... na hora que eu *lembrar* de levar minha câmera para fora do Hotel.

Feliz 2005!

terça-feira, dezembro 28, 2004

Indo viajar AGORA! Atrasada, como sempre, oh God, oh God. Deixo logo meus votos de FELIZ 2005 para todos os meus amigos, que esse ano seja bem melhor para todos!

Deixo também um grande PARABÉNS para a Mayra! 19 anos, juízo, viu? Não vou estar aqui para a mega festa Mayra+Reveillon, mas juro que vou pensar em ti, se não no dia 30, com certeza no dia 31 (abaixo os fogos de artifício!).

Beijos a todos, boa viagem para mim e todos que vão viajar ou retornar de viagem, e ótima passagem de Ano Novo a todos!

Viagem

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Amanhã eu devo viajar, mas não estou nem um pouco animada. Queria passar o ano novo com meus amigos em Brasília, mas não vai ser dessa vez... é até engraçado, eu indo para o Rio - o Rio! No Reveillon, uau. Mas... eu não ligo muito.

Não estou com aquela ansiedade, aquela vontade de viajar... o frio na barriga, nada. Até parece que eu estou indo para Belém, tal é a minha calma... e eu, definitivamente, não sou uma pessoa calma!

Ontem eu conversei bastante com o Igor, família do Rio, ele conhece bem a cidade... falou de um jeito tão fofo, tão cheio de saudade. Em nada me lembrou a pessoa que um dia me disse que não tinha uma paixão grande, assim, enorme, por nada. Ele falou do Rio, e eu pensei... eu não me sinto atraída por aquela cidade. Não tenho problemas também, mas o Rio não exerce aquele fascínio todo sobre mim. Estou indo lá... mais pela situação, pelo simbolismo da ida. Primeiro Reveillon em que eu viajo... mais importante, que a minha mãe viaja. Mas... cadê ânimo?

Às vezes (muitas vezes!), eu me sinto entrando na adolescência agora. Que necessidade de ficar com meus amigos! Quantos atos imaturos, quantas briguinhas bobas, e sem muita perspectiva de futuro - é, a crise profissional continua. Será que um dia eu vou me achar madura?



Post escrito do mais novo computador *monstro* do Fillipe... que, além de tudo, é lindo. Black! E, aproveitando a deixa...



BLACK

Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay
Were laid spread out before me as her body once did
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed has taken a turn
Ooh, and all I taught her was everything
Ooh, I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands chafe beneath the clouds
Of what was everything?
Oh, the pictures have all been washed in black, tattooed everything...

I take a walk outside
I’m surrounded by some kids at play
I can feel their laughter, so why do I sear
Oh, and twisted thoughts that spin round my head
I’m spinning, oh, I’m spinning
How quick the sun can, drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything [note the lack of question mark]
All the pictures have all been washed in black, tattooed everything...
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I’ll ever be...yeah...

Uh huh...uh huh...ooh...
I know someday you’ll have a beautiful life, I know you’ll be a star
In somebody else’s sky, but why
Why, why can’t it be, why can’t it be mine

Natal

sábado, dezembro 25, 2004

Hoje foi um bom dia. Depois de chorar tudo o que eu tinha para chorar ontem, acordei bem hoje. Até mesmo a correria para comprar presentes de última hora não me estressou. O que me deixou chateada, contudo, foi não ter conseguido falar com várias pessoas importantes para mim...

Não consegui contactar nenhum amigo meu de Belém (fora minha irmã). Por outro lado, fui achada por uma pessoa que fez meu humor ir de 0 a 1000 em 1 segundo: o Will. Ele achou meu telefone, me ligou, achou que eu não ia reconhecer... quando ele começou a falar, até pensei "a voz é a do Will, mas não pode ser ele...". Devo ficar bem até o fim de semana depois dessa.

Mas não foram só os amigos de Belém que eu não consegui achar. Meu Natal precisava de uma reforma de votos. Dei muitos "feliz natal" para algumas pessoas, e nenhum para outras... chato, chato. Professores, não achei nenhum (ai!, anacoluto é uma coisa que eu ainda não me acostumei). Coisas de Natal...

Ah!! O "feliz natal" mais inusitado! Depois de ser grossa-estúpida com "classe" no Orkut (leia-se: não dei o dedo), o cara me responde:

"Pelo menos você admite no seu profile ser perfeccionista. Não haveria outra razão para se incomodar com um hífen fora do lugar num texto sem qualquer valor técnico ou científico digitado rapidamente num fórum da internet.

Feliz Natal!"

Putz! Adorei ele. Mandou muuuuito bem. Ganhou meu respeito. Dei uma resposta menos "katim", mas espero que não menos espirituosa:

"Sim, perfeccionista e crítica. Mas, fora isso, acho que até que sou uma pessoa legal... =)
Tenha um Feliz Natal e um ótimo Ano Novo!
Águeda"

hehehehe divertido... =)

Fora isso... amigo oculto da família... eu JURO que não foi marmelada eu tirar meu tio! =P que mais... peru delicioooooso com farofa (sou paraense mesmo)... e sobremesas que eu podia comer! r0x! eu amo minha família =)

Partes legais... gente aqui em casa, "Natal da Colônia de Férias", pápis dormindo aqui (faz 1 ano...), e Taty Paulista, que vai dormir aqui também! A noite promete! E o que que eu tô fazendo no computador mesmo?

Solidão e saudade

sexta-feira, dezembro 24, 2004

De repente, eu me senti tão sozinha... há tempos eu vinha pensando em Belém, recolhendo fotos pela internet, tentando ligar para long-time-no-see-friends... banzo tá forte! Eu preciso voltar, preciso passar lá... preciso recuperar meu sotaque, preciso ver minha terra... ver como seria se eu nunca tivesse saído de lá... talvez do jeito que eu sempre imaginei? Talvez mais bobo... tudo parecia tão mágico! Quando eu crescer, eu vou usar a bata do Convênio, ah! o pátio cinza (ou era azul?), vou estudar na sala de L.A. e depois vou fazer UFPA... sempre sonhei tanto com aquela universidade! O Rio, as pontes, as passarelas, os tijolos vermelhos, o R.U., o clima livre de u-ni-ver-si-da-de, penso nisso sendo dito com a boca cheia... eu me imaginava tocando piano, e talvez acontecesse isso mesmo, eu estava encaminhada para isso... as chuvas de fim de tarde, as briguinhas bobas apenas por antipatia, o senso de humor menos ácido, as roupas mais leves...

Eu ligaria para a Gabi e a gente sairia. Eu provavelmente não ia ter um carro só meu, mas ainda assim seria mais fácil eu pegar o carro do que ela. Aí vinha uma noite de fofocas, notícias do dia (afinal, nós nos falaríamos todos os dias!) e informações sobre os garotos. Fixações por certos garotos, aquelas histórias que demooooram a começar e mais ainda a terminar. Eu morreria de ciúmes dos novos amigos dela e reprovaria os namorados... ou talvez não. A gente reclamaria dos irmãos mais velhos, como no 1o grau, e passaríamos um bom tempo tentando entender a cabeça uma da outra. E não é que a gente conseguiria? Frases desconexas fariam sentido, e olhares explicariam coisas que nem nós sabíamos que estavam lá...

Eu saberia como é, realmente, uma amizade. Uma amizade antiga, gostosa, que não precisa de palavras, pois já tem o tempo a seu favor. Percebo hoje que minha adolescência em Brasília me tirou muitas coisas, entre elas, minha noção de amizade. Sempre senti muito a frieza dos brasilienses, mas percebi que nunca mais me doei tanto para uma amizade quanto eu fazia em Belém. Sim, eu era mais nova - bem mais nova. Inocente... "friendship never ends", eu acreditava piamente. Lembro de como fiquei indignada - sim, essa é a palavra - quando minha mãe disse que, às vezes, amizades acabam... não, elas não podiam acabar! Não a minha amizade com a Gabi! E hoje falo, não a minha amizade com o Gabriel e o Will... elas não podem acabar...

Interrompidas... isso me dói muito... se tudo corresse do jeito "natural", se eu não tivesse vindo para cá... eu não seria eu, seria outra pessoa completamente diferente... talvez pior que hoje... é, foi bem melhor assim. Mas hoje me peguei pensando... se eu voltasse para lá... eu saberia como conduzir as nossas amizades? Eu deixaria elas vivas?

Lidar com a realidade é bem mais complicado que lidar com sonhos... se eu não consigo criar laços mais fortes aqui... por que lá seria diferente?

Tentando aceitar minhas atitudes...

quinta-feira, dezembro 23, 2004

"O DIABO - Imagem Arquetípica da Sombra (Alter Poder) - Jung dizia que para se trabalhar a Sombra, era preciso integrá-la psiquicamente. Fazemos exatamente o contrário, tentamos negá-la. Aqui nesse estágio, podemos fazer do outro, da vida, de nós mesmos, o Bode Expiatório. Sucumbimos diante dos apelos de Fausto (citando Goethe), se não o entendermos. Assim o maior desafio começa na integração de nossa Sombra, que nos engana, por apenas imaginarmos imagens de luz. É preciso transcender o próprio dualismo da natureza. Eis uma Zona de Poder. O que chamo de Alter Poder, é a capacidade obscura que existe em nós e desconhecemos. O outro lado do poder. Digamos, o lado mais perigoso dessa natureza. Como diz o ditado: "o diabo mora nos detalhes"."

A parte difícil de uma vida religiosa pagã... mudar conceitos, recriar a visão de mundo, ver a dualidade e a unidade em tudo, correspondências, deixar cair o véu entre mundos... tudo isso é mais fácil do que aceitar a Sombra, o Lado Negro. Integrar a Sombra é o quê, afinal? É viver em harmonia com ela, em equilíbrio? É aceitar que ela existe? Ou é deixar ela se soltar às vezes e entender que isso também és tu? Acho engraçada esse idéia de bem e mal separados, mas enxergar isso em algo externo é simples... enxergar em mim... é um pouco mais complicado. Passamos tanto tempo tentando ser perfeitos, e a perfeição na verdade é quando a balança está completamente pendente para um dos lados... equilíbrio... ai... mas como é duro reconhecer e aceitar nossos defeitos e limitações... e, mais que isso, aceitá-los... é aquela coisa... se alguém põe o dedo na ferida... vais ficar com raiva? Não deverias... se aceitas tua Sombra... não mesmo... e eu vejo que isso está tão, tão longe de mim...

Legião... eu costumava *odiar* Legião Urbana, mas essa música deles é foda. Vai aí...



QUASE SEM QUERER

Tenho andado distraído,
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso.
Só que agora é diferente:
Estou tão tranquilo
E tão contente.

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira.

Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo.

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos.
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto.

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.





Hoje eu estava voltando pra casa e ouvi uma música que eu tenho uma paixão enorme, e o engraçado é que eu peguei só o finzinho dela, que tem mais uma daquelas frases-chaves... (qual o plural disso? O.o)



ENCONTRO DAS ÁGUAS (só o fim)

Quem eu sou
Pra querer
Entender
O amor?

Mais sobre "coincidências"... ontem eu escrevi sobre CDs com músicas perdidas neles... hoje eu descobri que tenho uma gravação da Barcarolle de Rachmaninoff para 4 mãos, que eu vi em Juiz de Fora sendo tocada pelo Thiago e pelo Eduardo. Linda, linda, linda aquela música... me arrepia toda... me confidencia tanta coisa, deixa escapar aquela tristeza com um leve brilho de quem gosta de sua condição... ai! Eu e minhas paixões românticas...

Led Zeppelin, R.E.M. e The Smiths

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Sabes quando pegas um CD antigo, daqueles que só ouvias uma música, e quando vais ver ele tem altas músicas que passaste a gostar depois? E pensas, "nossa, nunca ouvi essa música antes, e de repente ela esteve aqui esse tempo todo..."

Hoje eu ouvi umas músicas que alguns amigos meus amavam... e me senti tão "dentro" delas. Engraçado, pois eu demorei muito para gostar delas, e hoje acho que elas falam tanto de mim... Aí vão as letras de Dazed and Confused, do Led Zeppelin, e de Losing my Religion, do R.E.M., notoriamente conhecida entre meus amigos de Belém como a *minha* música. E, claro, a música para todos os momentos... How Soon Is Now, dos Smiths.



DAZED AND CONFUSED

Been dazed and confused so long it's not true.
I wanted a woman, never bargained for you.
Lots of people talking, few of them know,
Soul of a woman was created below! Yeah

You hurt and abuse, tellin' all of your lies.
Run 'round sweet baby, lord, how they hypnotize.
Sweet little baby I don't know where you been
Gonna' love you baby, here I come again

Everyday I work so hard, bringin' home my hard earned pay.
Try to love you baby, but you push me away.
Don't know where you're going, all in all, just where you been,
Sweet little baby I want you again.

Oh yeah, all right, all right

Been dazed and confused so long it's not true
Wanted a woman never bargained for you
take it easy baby, let them say what they will
Toung'll wag so much when i send you the bill



LOSING MY RELIGION

Oh, life is bigger
It's bigger than you
And you are not me
The lengths that I will go to
The distance in your eyes
Oh no, I've said too much
I set it up

That's me in the corner
That's me in the spotlight, I’m
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don't know if I can do it
Oh no, I've said too much
I haven't said enough
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

Every whisper
Of every waking hour I'm
Choosing my confessions
Trying to keep an eye on you
Like a hurt lost and blinded fool, fool
Oh no, I've said too much
I set it up

Consider this
Consider this
The hint of the century
Consider this
The slip that brought me
To my knees failed
What if all these fantasies
Come flailing around
Now I've said too much

I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try

But that was just a dream
That was just a dream

But that was just a dream
Try, cry, why try?
That was just a dream
Just a dream, just a dream
Dream



HOW SOON IS NOW

I am the son
And the heir
Of a shyness that is criminally vulgar
I am the son and heir
Of nothing in particular

You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way?
I am human and I need to be loved
Just like everybody else does

There’s a club, if you’d like to go
You could meet somebody who really loves you
So you go, and you stand on your own
And you leave on your own
And you go home, and you cry
And you want to die

When you say it’s gonna happen now
Well, when exactly do you mean?
See, I’ve already waited too long
And all my hope is gone

Antares

terça-feira, dezembro 21, 2004

BUSCA VIDA

Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver daonde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
E os meus passos
Nunca mais serão iguais

Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
No espaço
E volto sem olhar pra trás

No escuro do céu
Mais longe que o sol

Perdido num planeta abandonado
No espaço

Ele ganhou dinheiro
Ele assinou contratos
E comprou um terno
Trocou o carro
E desaprendeu
A caminhar no céu
E foi o princípio do fim

Suriname

sábado, dezembro 18, 2004

"Suriname livre!" O grito foi ouvido pelos freqüentadores do Azeite de Oliva ontem, por volta das 3 da manhã. Dia da Independência do Suriname! A informação, ouvida casualmente por Mestre Maranha em um coquetel após um concerto de violino acabou sendo desmentida pela internet. O site da CIA trouxe a verdade à tona: dia da Independência do Suriname, 25 de novembro de 1975. Como diria Igor, o Suriname é Sagitário (tenha medo).

Procuramos o hino do Suriname, e, surpreendentemente, não só encontramos letra e midi como também a partitura. Fomos atrás de comunidades no Orkut: todas alegando que o Suriname não existe, ou que ele será anexado ao Brasil juntamente com as Guianas, ou que o Suriname precisa ser desbravado...

E nós desbravamos o Suriname pela internet! Encontramos várias fotos e informações para o turismo no Suriname - sim, turismo! Descobrimos que o Suriname r0x. País pequeno - menos de 500.000 habitantes -, tem construções fantásticas, como a Catedral, maior edifício de madeira do mundo (e quem saberia disso...!).

Convido todos a desbravarem o Suriname! Sites úteis: www.cia.gov, www.virtualtourist.com, www.surinamepics.sr. Aí vão algumas fotos de graça. Enjoy!



EXTRA - Enfim, recesso!
Comunidade nova no Orkut: Lago Sul NÃO é área nobre! http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=955770


Mesquita Posted by Hello


Catedral Posted by Hello

Voltando à futilidade...

quarta-feira, dezembro 15, 2004

É fato, eu não consigo ficar muito tempo do mesmo jeito. E, como mudar de maneira fácil, rápida e eficiente? Pintando e cabelo, claro. Pretendo manter a mecha branca, mas quero mudar a cor. Hits iniciais: ruivo e vermelho. Idéia posterior: preto. Ai ai... dúvida cruel. Ando meio tentada a pintar de vermelho, ou um ruivo claro, sei lá, algo forte. Bem Spice Girls da vida (oh God, velhos tempos). Culpa da mulher maravilhosa do Orkut. Ai ai! Eu quero ser gostosa daquele jeito um dia. =P Academia tá aí pra isso!



Deveria estar dormindo. Amanhã tenho um dia cheio, ensaio pra mostrar a música pra professora de violino (medo), a apresentação é na quinta, eu acho... e mais a bendita prova de contraponto. 2a espécie, ai ai, não estudei *nada*. Medo. Vejamos... retardo e síncope no penúltimo compasso, 2a inversão só com a 4a ou o baixo preparados, 7a ajuntada preparada e resolvida, e únicas notas não reais possíveis são notas de passagem, apogiaturas e bordaduras. Sempre que for possível chamar uma nota de real, chame. Ok, ok, revisão feita.

Preciso revelar também as fotos de FLV. Tomara que eu tenha tirado de todos os conceitos... *grande suspiro* E o croqui de IAU ficou pra lá. Enfim, quem disse que eu sei fazer um croqui?

luto

segunda-feira, dezembro 13, 2004

"A empregada doméstica Adriana de Jesus Santos, 20, - que confessou ter ajudado a assassinar a estudante Maria Cláudia Siqueira Del Isola, 19, disse que o caseiro Bernardino do Espírito Santo, 30, – acusado de matá-la – “era apaixonado” pela jovem. Na manhã da quinta-feira quando saia para a faculdade, Maria Cláudia foi abordada pelo caseiro no jardim da casa. Adriana contou que os dois começaram a discutir. “De repente, começou a bater nela e disse para eu colocar uma fita crepe em sua boca. Depois, começou a tirar a roupa dela e me obrigou a ajudar no estupro”, contou a empregada.

O delegado da 10ª DP, Antônio José Romeiro, espera prender Bernardino ainda nesta segunda-feira. Ele é acusado de assassinar e esconder o corpo de Maria Cláudia. Além de espancar e estuprar a jovem, o caseiro teria estrangulado e esfaqueado a vítima antes de enterrá-la em baixo de uma escada, no interior da casa onde vivia com a família, no Lago Sul, área nobre de Brasília.

Segundo a doméstica, o crime aconteceu na manhã da última quinta-feira por volta das 9h, no salão de festa. Somente os três estavam na casa. Os pais e a irmã mais velha de Maria Cláudia estavam trabalhando.

Bernardino utilizou um facão para matar a estudante. A polícia ainda não sabe quantos golpes ela recebeu. Além de inúmeras perfurações pelo corpo, o rosto dela foi retalhado. Marcas e hematomas no pescoço indicam que ela pode ter sido estrangulada. A perícia realizada no corpo dela ainda não ficou pronta.

A empregada contou que depois de matar a jovem, Bernardino a arrastou pelos braços em direção à escada. Num buraco raso, ele a enterrou semi-nua, de bruços, com os braços e pernas amarrados e um saco de lixo preto na cabeça. Depois de terminar, ele voltou e lavou todo o sangue que havia ficado no chão do salão.

Na delegacia, a empregada disse ser inocente. “Eu não matei ninguém. Ele é que me obrigou a fazer tudo”, alegou a namorada do caseiro, que está presa desde domingo.



Desaparecida

Filha do diretor educacional do Colégio Marista de Brasília Marco Antônio Almeida Del Isola, Maria Cláudia estava desaparecida desde quinta-feira. Os pais acharam estranho o sumiço da filha e registraram ocorrência na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). Quatro dias depois, os agentes da Delegacia de Operações Especiais (DOE) descobriram o corpo enterrado no jardim de inverno da casa, porque o cadáver já exalava forte cheiro.

Maria Cláudia era estudante do curso de Pedagogia na Universidade de Brasília (UnB). A princípio a família acreditava que ela tivesse fugido de casa, já que R$ 2 mil haviam desaparecido do cofre. Por outro lado, preocupava o fato de a garota não ter levado roupas ou objetos pessoais. Saiu apenas com uma mochila.

A família começou a desconfiar da atitude do caseiro e da empregada, na tarde de ontem, quando identificaram um mau cheiro dentro da casa. Os empregados inventaram uma desculpa para deixar a residência.

Segundo o delegado chefe da 10ª DP Antônio José Romeiro, a empregada confessou o crime na mesma hora. Disse que reberia R$ 1 mil.



Crimes na Bahia

Ainda ontem, os policiais iniciaram um processo de busca na casa de Bernardino em São Sebastião, no Distrito Federal. Em Taguatinga (DF), onde tem outra namorada, grávida de seis meses, os agentes só conseguiram encontrar R$ 250 roubados do cofre de Maria Cláudia. Bernardino fugiu na manhã de domingo.

O acusado trabalhava com a família havia dois anos. Ele e Adriana vieram de Salvador (BA) para trabalhar na cidade. Segundo o delegado Romeiro, o rapaz já possui passagem pela polícia por tentativa de homicídio na Bahia. A polícia também encontrou na casa dele um alvará de soltura expedido pela Justiça baiana, o que comprova que ele já esteve preso.

O caseiro será indiciado por crimes de latrocínio, estupro e ocultação de cadáver. Se condenado, a pena para Bernardino pode chegar a 30 anos de prisão. Adriana também será indiciada por homicídio."



Éramos do mesmo ano... todos conhecíamos ela. Minha idade, ela tinha a minha idade... poderia ter acontecido comigo, com qualquer amigo meu... o quanto ela deve ter sofrido?

Precisamos crer em alguma coisa... percebemos que, nessas horas, a racionalidade humana não ajuda em nada... onde achar conforto emocional? Em algo irreal? Não me importo... prefiro ficar bem acreditando em "falsos deuses" a mergulhar no materialismo...

PS: Não é um Katim para nada nem ninguém... é só um desabafo.

ARS

terça-feira, dezembro 07, 2004

INSTANTE DE AMOR

"Me ame apenas
no preciso instante
em que me amas.

Nem antes
nem depois.
O corpo é forte.

Me ame apenas
no imenso instante
em que te amo.
O antes é nada
e o depois é morte."


CADA QUAL

"Cada amor é outro
recomeço. Para alguns
tropeço.

Cada corpo é um princípio,
para alguns a porta
do precipício.

Cada vida penetrada
é um edifício, entrada
que pode dar
numa cidade de mil portas
ou, então, em nada."


VIVA FERA

"Não me canso de estudar a morte.
Como é fértil e reverbera novos ângulos
conforme a hora em que a antevejo
na minha trajetória.

Preencho-a de significados vários,
Ela cresce, me fascina, me enriquece,
me habita viva feito fera
que parece domesticada e, no entanto,
soberana
- mansamente me devora."

(Affonso Romano de Sant'Anna)



IMPROMPTU

Ontem me peguei pensando... "se eu fosse sagitariana, ele gostaria mais de mim?". No momento em que passamos a culpar fatores externos - e pior, fatores metafísicos (?) - por nossos fracassos, algo está muito errado conosco. É hora de assumir erros e acertos... o que acontece se dá por trabalho nosso. Mas... se tudo realmente é interligado (premissa minha)... estariam nossas ações refletidas em tudo que há no universo? Ou, quem sabe não nossas ações, mas nosso caráter e motivações? Tenho um pensamento muito recorrente, que questiona a tal "linha do tempo"... seria ela uma "linha"? Talvez ela dê voltas... De repente, a crença em Destino já não me angustia como antes. Estaria o futuro acontecendo agora? - Livre-arbítrio pode existir quando se crê que algo já aconteceu lá adiante na "linha do tempo"? Talvez existam vários futuros...

Talvez não exista nada.

Outras músicas que estou atrás e mais um pouco...

sexta-feira, novembro 19, 2004

Preciso dessas gravações!

Guerra-Peixe - 3 peças para viola (conheci hoje no concerto de formatura da Aletéa, me apaixonei)
Prokofiev - 4 peças - op.4 (especialmente a n. 4 - Sugestões Diabólicas - saudades de JF!)
Tchaikovsky - Melodia
Purcell - Funeral Music to Queen Mary (ainda!)
Puccini - Turandot
Mozart - Le Nozze de Figaro, Rapto do Serralho, O Empresário...
Cláudio Santoro - Prelúdios (mais o 1o álbum que o 2o)

E mais um monte que eu não lembro...

Nada a ver: Óculos vermelho pronto! E está vindo aí mais um, lindo!, que combina com meu novo visual... ah, moleque! Metrossexuais of the world, unite and take over!

Mês que vem a Kika tá em Brasília. Que medo! Já estou vendo 2 pessoas que não vão parar de falar. Aff!

Pesquisa Astrológica

terça-feira, novembro 16, 2004

Horário de Verão

Período: 00h de 02/11/1985 até 00h de 01/03/1986
Obs.: Todo o Território Nacional.

Hora de nascimento na Certidão: 17:45
Com o Horário de Verão: 16:45

Signo Ascendente: Áries.


Voltando ao ponto de partida.

Enquanto a inspiração não vem...

segunda-feira, novembro 15, 2004

"Svani per sempre il sogno mio d'amore...
L'ora e fugitta e muoio disperato!
E non ho amato mai tanto la vita!"

Descobri que tenho uma gravação completa da Tosca em CD (Marton, Carreras e Pons) aqui em casa.

Adoro essa ária.

FNAC

domingo, novembro 14, 2004

Minha ida à FNAC acabou dando origem à nova lista de presentes: Natal, me aguarde!


CDs

Jazz
Frank Sinatra - Romance (CD duplo, altas músicas r0x)

Música Antiga
Purcell - O CD que tem Funeral Music for Queen Mary (em francês, outro CD duplo)

Ópera
Puccini: Turandot (CDs com Sutherland, Caballé e Pavarotti)
Puccini: Tosca (com o Pavarotti também)


DVDs

Clássico
Mozart - Trilogy of Love (DVDs da Cosí Fan Tutte, Le Nozze di Figaro e Don Giovanni)


Aff! É mais ou menos por aí. Coisas novas para a minha coleção: 2 DVDs, Porgy and Bess (!!!Nem acredito que achei!!!) e O Barbeiro de Sevilha. Diversão pra muito tempo!

Primeiro Réveillon

quinta-feira, novembro 11, 2004

- Em que pensas?
- Ahn?
- Perguntei em que pensas.
- Ah... em nada.
- Não é o que parece.
- Estou bem - disse rapidamente. Demorou ao piscar. - Estou bem mesmo.
Ela estava próxima à janela. O céu estava nublado, impedindo as estrelas de observarem as pessoas. Do apartamento onde estava ela observava, altiva, a cidade vazia. Apenas um carro passava vez ou outra. (o mesmo carro, estaria perdido?) Fitou o prédio à frente. Nenhuma vitrine se manifestava, os vizinhos deveriam estar todos viajando ou em festejos. Riu-se do seu pensamento, "vizinhos"... ela mal sabia o nome do senhor que morava ao lado, e mesmo assim dispunha de cara de pau para chamar os habitantes do tal edifício de "vizinhos". Ela interrompeu seus devaneios auto-críticos ao sentir um peso em seu ombro direito.
- Você está linda - ele murmurou.
Ela repousou a taça no parapeito da janela e tomou a mão que estava em seu ombro entre as dela. Encostou seus lábios na mão estranha e balbuciou um "obrigada" sem importância. Os olhos dele brilhavam um brilho triste, deveria estar preocupado com ela. Os olhos dela fugiram dos questionamentos mudos, ah!, aqueles olhos negros, como ela se perdera neles... a ponto de estar ali, naquele momento. Sozinha. Solitária. Imóvel.
- Venha. Daqui a pouco soltarão os fogos.
- E conseguiremos vê-los?
- Ah! Que pergunta! Não acharás melhor local nesta cidade para assistir aos fogos. Já não te disse?
Foram em direção ao quarto. Pela janela, uma paisagem não muito mais interessante que a anterior. A cidade parecia ter vida longe, por detrás dos prédios. Ela não conseguia ver a multidão que deveria estar depois das construções, mas ela estava certa de que eles estavam lá. O vento beijava-lhe a face enquanto aconselhava serenidade. "Sim, estou serena".
- Nunca entendi a graça do Ano-Novo.
O contorno das bolas negras cresceu com a surpresa do comentário (ele estava acostumado aos longos períodos de quietude dela). Ele sorriu:
- Como não? Não sentes uma ansiedade incrível?
"Não", ela pensou.
- Acho que sim. - achou melhor dizer.
- Então! É adorável, não é? Venha, ajude-me a montar o tripé.
Ela abaixou-se um pouco, puxou o vestido de tecido delicado e o ajudou desinteressadamente. Ele já estava vibrando, mas por alguma razão ela não havia sido contagiada por sua intensidade. Nos bons dias, ela era outra pessoa. Gesticulava, fumava, falava alto. Hoje não era um bom dia.
- É quase hora...
A contagem regressiva começara. Agora ela ouvia a multidão atrás dos prédios - ou estaria imaginando? Os olhos negros esperavam impacientes, escondidos pela máquina fotográfica disposta no tripé. Ele quase gritou ao lhe dar a mão esquerda (mas sem desviar o olhar):
- Faça um pedido!
Ela vasculhou sua mente e não encontrou nada. "Um pedido..." Recordou-se de sua mãe lhe dizendo o mesmo. "Pedidos não se realizam".
Vários flashes estouraram com os fogos. Ela gostava dos vermelhos, eles pareciam maiores e mais distantes. "O céu... ah, o céu... por que não engoles logo esses fogos? Finges que não te importas... mas sei que essa companhia fútil te incomoda".
Ao fim dos fogos, ele levantou com a euforia típica da criança que ainda não terminou seus jogos no parque, a tomou nos braços e confessou, romântico:
- Pedi para que possamos estar juntos em todos os nossos Réveillons, como em nosso primeiro Réveillon... como hoje.
"Como hoje". Ela sorriu ao ouvir a bobagem em tom de segredo e parou por um instante antes de afirmar:
- Eu também.

Última Oração

quarta-feira, novembro 10, 2004

Quando eu for morrer
Vou pedir pra ser Outubro
No meio daqueles anjos
Do Círio de Nazaré
Lá estarei tranqüilo
Com meu cigarro de palha
As dores todas vencidas
Nas ondas do rio-mar
E quando chegar a hora
Bem antes de partir
Pedirei à Virgem
Asas feitas de miriti
(Edyr Proença e Emanuel G. Matos)
(saudades)
Círio de Nazaré: Maior festa católica do Brasil. Ocorre todo 2o domingo de Outubro em Belém do Pará, e é conhecido como o "Natal dos Paraenses", tal sua importância. O Círio pára a cidade e leva às ruas aproximadamente 1,5 milhão de pessoas todo ano. Apesar de ser uma festa católica, dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, consegue reunir católicos praticantes, não-praticantes, evangélicos, espiritualistas, agnósticos, ateus e não-cristãos de um modo geral.
(saudades)
Anjos: No Círio de Nazaré é comum ver crianças vestidas como Anjos (batas leves a asas).
(saudades)
Rio-mar: Na Amazônia os rios são tão grandes que é comum não conseguir enxergar a outra margem, havendo inclusive praias de rio (sim, com ondas!). Pela grandeza dos rios é dada a denominação de rio-mar.
(saudades)
Miriti: Madeira tradicional do Pará, muito flexível, retirada dos talos da palmeira e utilizada para a confecção de brinquedos a serem vendidos durante o Círio de Nazaré.
(da minha Belém)

Ao fim da procissão - retirada de www.fotolog.net/belem Posted by Hello

Poemas

segunda-feira, novembro 08, 2004

LUCY'S SONG
Charles Dickens (1812-1870)

How beautiful at eventide
To see the twilight shadows pale,
Steal o'er the landscape, far and wide,
O'er stream and meadow, mound and dale!

How soft is Nature's calm repose
When ev'ning skies their cool dews weep:
The gentlest wind more gently blows,
As if to soothe her in her sleep!

The gay morn breaks,
Mists roll away,
All Nature awakes
To glorious day.
In my breast alone
Dark shadows remain;
The peace it has known
It can never regain.





TRISTESSES DE LA LUNE
Charles Baudelaire (1821-1867)

Ce soir, la lune rêve avec plus de paresse;
Ainsi qu'une beauté, sur de nombreux coussins,
Qui d'une main distraite et légère caresse
Avant de s'endormir le contour de ses seins,

Sur le dos satiné des molles avalanches,
Mourante, elle se livre aux longues pâmoisons,
Et promène ses yeux sur les visions blanches
Qui montent dans l'azur comme des floraisons.

Quand parfois sur ce globe, en sa langueur oisive,
Elle laisse filer une larme furtive,
Un poëte pieux, ennemi du sommeil,

Dans le creux de sa main prend cette larme pâle,
Aux reflets irisés comme un fragment d'opale,
Et la met dans son cœur loin des yeux du sommeil.




THE SADNESS OF THE MOON (Tradução do poema anterior)
Charles Baudelaire (1821-1867)

The Moon more indolently dreams to-night
Than a fair woman on her couch at rest,
Caressing, with a hand distraught and light,
Before she sleeps, the contour of her breast.

Upon her silken avalanche of down,
Dying she breathes a long and swooning sigh;
And watches the white visions past her flown,
Which rise like blossoms to the azure sky.

And when, at times, wrapped in her languor deep,
Earthward she lets a furtive tear-drop flow,
Some pious poet, enemy of sleep,

Takes in his hollow hand the tear of snow
Whence gleams of iris and of opal start,
And hides it from the Sun, deep in his heart.





THE SORROW OF LOVE
W.B. Yeats (1865-1939)


The quarrel of the sparrows in the eaves,
The full round moon and the star-laden sky,
And the loud song of the ever-singing leaves,
Had hid away earth's old and weary cry.

And then you came with those red mournful lips,
And with you came the whole of the world's tears,
And all the sorrows of her labouring ships,
And all the burden of her myriad years.

And now the sparrows warring in the eaves,
The curd-pale moon, the white stars in the sky,
And the loud chaunting of the unquiet leaves
Are shaken with earth's old and weary cry.




LAST SONNET
John Keats (1795-1821)

Bright Star, would I were steadfast as thou art--
Not in lone splendour hung aloft the night,
And watching, with eternal lids apart,
Like Nature's patient sleepless Eremite,

The moving waters at their priest-like task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No--yet still steadfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever--or else swoon to death.





SONETO
Álvares de Azevedo (1831-1852)

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!



Pyro

quinta-feira, novembro 04, 2004

Já mencionei que eu fervilho com novas idéias sempre que meu aniversário está chegando?




A vela estava esperando uma decisão. Ela estava com o fósforo entre os dedos, pensando. Acenderia? Talvez fosse melhor deixar tudo do jeito que está. Ele nunca lhe pediu ajuda, e não era agora que ela ia dar uma de intrometida. Pra quê? Pra ele vir depois reclamando, jogando na cara dela? Ela ficaria morrendo de vontade de dizer: "você não sabe de nada, meus sonhos estão se concretizando...", e ele ficaria com raiva, e ao mesmo tempo, incrédulo. "Você ainda acredita que isso vai acontecer? Achei que tinha crescido."

Ah! Crescido, claro. Por que ele não acredita? Um dia ele vai acreditar. Quando tudo acontecer... ela pensou em riscar o fósforo, mas se segurou. Não vai adiantar nada... vocês vão brigar de novo, é pra isso que vai servir. Deixa quieto.

Mas ele me pressiona tanto! Odeio o jeito que ele olha pra mim quando eu falo sobre o que acredito. Se eu parasse de falar, tudo se resolveria... mas não! Eu não devo deixar minhas coisas de lado só por causa dele.

Será que eu faço? Eu não devia me meter onde não fui chamada, mas não é isso que sempre faço? Se não fosse assim, nem estaríamos juntos. É, bom ponto. Acho que vou fazer... quem sabe assim... quem sabe assim ele finalmente entende.

Ela riscou o fósforo e acendeu a vela. Olhou a seu redor. Ah! Já dei o primeiro passo, não posso recuar agora. Vai ser para o bem dele... E vai ser feito agora. Pegou as garrafas de bebida do bar, uma por uma, e jogou violentamente no chão. Respirou fundo... é, é isso mesmo. Seu coração batia forte, e ela sentia um prazer quase sexual antevendo o que ia fazer. Ia ser lindo... estava ofegante vendo a sujeira no chão. Lembrou do rosto dele com raiva, lindo, ele ficava lindo! Ela sorriu... sabia que era hora. Delicadamente, tomou a vela nas mãos, e de uma maneira teatral a deixou cair. Esperou as chamas se espalharem, eram pequenas, mas logo cresceriam. Logo, tudo estaria vermelho...

Com uma calma que ela não esperava ter, abriu a bolsa, pegou a chave e andou com cuidado em cima de seu salto agulha até sair do apartamento. Tremeu um pouco ao trancar a porta. Calma, já foi feito, não tem com o que se preocupar. Chamou o elevador e esperou.

E mais sobre o mundo de homens

segunda-feira, novembro 01, 2004

Por que ser machista é aceitável? Em tempos politicamente corretos, temos que tomar cuidado com as palavras para não cair em armadilhas "discriminatórias", e isso vale para tudo. Tomemos o racismo como exemplo. Com a gradação de cores que temos em nosso país, como se referir a uma pessoa que não chega a ser negra? Morena? Negra? Sempre o chamarão de preconceituoso de algum dos lados. Isso falando de um lado mais light do dito "preconceito". Aí ainda vem discussão sobre as cotas, blá blá blá... bom, o negócio é que todo mundo agora está a favor de uma "igualdade"* e ser racista é considerado o fim.

Mas, voltando a minha pergunta: por que ser machista é algo aceitável? Por que, quando alguém faz um comentário machista, as pessoas respondem com "deixa ele ser machista", como se machismo fosse um ponto de vista válido? (não, pra mim ele não é!)

Cansei de ouvir esse papo de "o mundo é machista porque as mulheres deixam que ele seja". Ahan, claro! Assim como a escravidão existia porque os escravos não se revoltavam... é, é por aí mesmo!

Não agüento mais ver que as coisas não mudam, não importe o que você tente fazer. Quantas coisas eu fui impedida de fazer por que eu "sou mulher"? Quantas vezes eu já não me senti de fora por que eu não me encaixava no padrão da sociedade?** Como é que alguém pode ser cego o suficiente para não perceber que o mundo é feito por e para esse homens?

As mulheres continuam sendo discriminadas, continuam sendo minoria, continuam sendo objetos, continuam sendo tudo que "elas se deixam ser"... mas, enquanto os negros conseguiram uma mudança de pensamento*** em relação a eles da sociedade mais intelectualizada, o preconceito contra a mulher continua como algo "cultural". E, enquanto a sociedade não mudar essa droga de "cultura", continuaremos em propagandas de cerveja ou sendo dançarinas de axé, funk e outros gêneros de nossa MPB****...



* Aspas não porque sou contra, muito pelo contrário, mas porque essa igualdade só existe em discursos, papo para mais tarde...
** Por padrão, entenda-se homem.
*** Antes de qualquer coisas: pensamento, não atitude.
**** Katim! (esse eu não consegui segurar)

Sobre a "imagem" ou De uma mulher em um mundo de homens

sábado, outubro 30, 2004

"E se eu não quiser seguir o caminho que todos seguem?
E se eu não quiser viver pelos dogmas da sociedade?
Não todos, apenas alguns...
Deixe-me ser livre, apenas de alguns..."

"Digo hoje que entendo por que artistas costumam criar tantos laços entre si - tantos cônjuges, amigos, amantes - e tão poucos com o resto das "profissões". Pelo simples fato de a arte não ser uma profissão... ela é uma maneira toda nova de ver a vida."




Odeio quando alguém vem dizer como eu devo me portar e como devo agir sob o pretexto de estar preocupado com a "imagem" que eu passo. Eles não estão preocupados com a minha imagem, e sim com a imagem que eles, como amigos meus, possam ter. "Ah, você é amigo de fulaninha? Aquela que..."

Não estou bradando que tenho maturidade suficiente para perceber as conseqüências que minhas ações podem ter, mas seria demais deixar que eu aprendesse sozinha? E, a questão que mais me vem à mente agora: será que eu deveria aprender algo? Odeio me submeter a uma realidade machista, onde uma mulher que se comporta como os homens é tanto mal vista em sua própria categoria quanto desprezada pelos homens, que ainda procuram a princesa de branco...

Sim, sim, discurso mais que batido, mas é algo com que há muito tempo não me aborrecia. Claro, 3 anos de namoro, aborrecer-se com quê? Agora, é mais complicado. Ainda mais em um grupo de amizades no qual teu irmão mais velho participa.

Todos que nos conhecem sabem que somos muitos chegados, amigões mesmo. Não tenho segredos com ele, e acho que o inverso é verdadeiro. Mas se eu falar que nunca me senti retraída no grupo por sua presença, estaria mentindo.

Sou uma pessoa muito extrovertida e brincalhona, e piadas relacionadas a sexualidade fazem parte do meu "repertório". Claro, de todo mundo, certo? Mas sempre soa diferente. Num grupo quase que completamente masculino, e com um irmão, as brincadeiras muitas vezes terminam mal interpretadas. Quem nunca me ouviu reclamar que: 1. brasilienses não entendem ironias + 2. meus amigos daqui sempre acham que eu dou em cima deles? É, eu mereço mesmo.

Me cansa essa conversa da "imagem", SEMPRE a "imagem". Me soa falso! Pode ser verdadeiro, não duvido que seja... mas me soa... antiquado. Me soa tão acorrentador que me irrita, como há muito tempo nada me irritava. Vontade de tomar atitudes infantis, ok!, afasto-me do grupo de novo... procuro amigos "só meus"... parece besta, mas talvez fosse uma boa atitude. Quantas vezes eu já sofri nessa de "meus amigos são mais amigos do meu irmão que de mim"? *suspiro*

Mas isso já é questão para outro dia.

 
Odeio Cócegas - by Templates para novo blogger