A verdade

segunda-feira, agosto 27, 2007

A verdade sobre minha vida é que está tudo de pernas para o ar. Agora estou tranqüila, então o que estou prestes a dizer não vai ser tão agressivo e libertador como eu gostaria que fosse. Estou cansada da minha vida, morro de tédio de tudo, não agüento mais ser eu.

Ando na superfície porque está sendo tão, tão, tão dolorido entrar em contato comigo. Não dou conta, tenho vontade de me rasgar por dentro e por fora, arrancar minha pele, quem sabe com a dor física o vazio deixe de incomodar tanto. Estou no modo-trabalho ligado 24 horas por dia, 7 dias por semana, e só me sinto feliz assim.

Hoje me senti só, vazia. Peguei o carro e fui do Lago Sul até Sobradinho, de volta ao Lago Sul e depois para a Asa Norte. Queria ir embora, sem destino, mas os caminhos estavam pré-traçados. Queria viajar e mandar tudo à merda, mas a gasolina tá cara e o dinheiro não é pra sempre. Queria descansar em alguma casa e escrever, escrever, me libertar, vomitar tudo que sinto, mas nem ando conseguindo expressar porra nenhuma nem tinha casa para ir. Queria chorar, mas há dias não sai nenhuma lágrima dos meus olhos. Estou seca.

Odeio minha família, quero fugir deles. Tenho vontade de largar tudo e arranjar alguma coisa pra fazer em outra cidade apenas para ficar longe deles. Mas eu sei que os fantasmas estão dentro da gente, e não fora. Tenho vontade de enfiar uma faca na minha mãe cada vez que ela me pede mais dinheiro. Tenho vontade de gritar e me descontrolar, pra ver se sai tudo. Mas eu não me descontrolo.

Não estou na universidade, não tenho idéia do que quero. Quando fico sozinha vejo o tanto que estou perdida. Onde estarão meus amigos para me tirar de perto de mim? Gosto de sair porque finjo ser legal, interessante, divertida. Um personagem muito agradável. Mas até esse personagem me cansa.

Quero explodir tudo, mas como? Como botar pra fora? Hoje eu queria o meu piano, queria ficar um pouquinho com ele, tocando qualquer coisa mal tocada e triste, mas eu não podia ir na casa da minha mãe. Aquela não é mais minha casa. As luzes de Sobradinho me deram um pouquinho de alegria, a cidade é tão linda à noite. Os retornos passaram todos e eu não queria voltar, torcendo pra me perder e não saber como voltar. Mas as estradas eram todas retas, e infelizmente eu não me perdi.

Queria usar drogas. Um momento de felicidade extrema, depois o pior day-after possível. Pelo menos eu teria motivos para me sentir tão mal. Poderia culpar as drogas. Hoje, eu só podia culpar a mim mesma.

Um tédio tão alucinante, tão desesperador que me paralisava. Eu precisava comprar areia para os gatos, mas não consegui. Me deu um pavor estranho quando cheguei perto dos supermercados por umas 2 vezes e eu não consegui entrar. Uma tristeza que consumia por dentro, subindo pelo meu estômago e arrepiando meus ombros, e eu queria morrer pra não viver minha vida. Apenas na 3a tentativa consegui entrar no Pão de Açúcar.

Me sinto feia, sem atrativos, atrás de todos. Meus amigos estão formados ou estão se formando e eu estou parada. Não sou linda, não sou alternativa, não sou pop, não sou conhecida, não sou artista, não sou DJ, não sou sexy, não desperto nada nas pessoas. Para onde fugir?

A verdade é que ontem eu tomei uma Cuba Libre com Coca-Light, para você ver o desespero da pessoa. A verdade - outra ainda - é que um cliente me pediu um livro chamado "O que você está fazendo da sua vida?" e eu engoli a seco, pensando que eu não tenho a menor idéia do que estou fazendo com a minha. Mais uma verdade é que eu vi uma Lua linda ontem, gorda, enorme, vermelha como sangue, depois das 4 da manhã e eu queria estar com Ela (mas eu nem sou uma pessoa espiritual nem nada).

Eu queria encostar minha cabeça no travesseiro e dormir tranqüila, sabendo que tudo está encaminhado e eu tenho, sim, mil razões para ser feliz. E sonhar que estou voando (quanto tempo que não sonho que estou voando), passeando por vales e lagos límpidos, refletindo o Sol e fazendo meus olhos doerem com a luminosidade. Ter luz, muita luz na minha vida, e alegria e amores verdadeiros, e não afetados. Ser sincera, não precisar ser artificial, ser feliz estando neste corpo, e não apenas conformada com meus carmas. Ser uma pessoa gostosinha, agradável por ter olhos brilhando de pureza, e não de tesão. Ter menos mágoas e menos raivas, tanta tristeza e raiva se misturam na minha cabeça hoje que nem sei mais de quê. Ser menos pessismista, ser menos chata. Queria ser outra pessoa. Queria ter mais certezas e menos dúvidas, queria admitir que preciso de ajuda em tantas maneiras. Queria me sentir melhor após escrever tudo isso, mas acho que só vou deitar me sentindo triste e só, e acordar amanhã fingindo que nada aconteceu e colocar minha máscara de competência e invulnerabilidade e ir para o trabalho. Queria sair desse ciclo, mas estou tão perdida que nem sei por onde começar.

1 comentários:

Anônimo disse...

Puts, posso dzr q estou praticamente me sentindo assim,mas axo q p/ isso tudo melhorar temos q aprender a ter amor-próprio, só q é dificil, eu sei, passo por isso, mais q q custa tentar n eh ??
espero q tudo isso c/ vc, cmg passe logo...
bjks
fik c/ Deus

 
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