terça-feira, outubro 26, 2004
Eu adoro dirigir de madrugada... adoro mesmo. E como esses dias eu tenho dormido tarde e tenho saído nos fds, eu tenho dirigido muito à noite de boa... como se fosse de manhã. É tão gostoso... a cidade fica com um cheiro diferente... não sei descrever... fica algo no ar... pairando... que nunca se revela... e esse algo nos permite senti-lo... mas nunca nos deixa entendê-lo... e aquela iluminação que, durante o dia, era amarelada, agora fica assim pelas luzes artificiais... 120km/h pelo eixão vazio... aquelas formas amareladas no chão, poste após poste... o barulho... pois é um silêncio quase completo, e é esse quase que dá o tom da noite... é como se a cidade funcionasse sozinha. Ela tem vida, mesmo quando nada acontece...apesar de, em Brasília, essa vida ser quase parada... estática. Acho que essa é a beleza da noite de Brasília; ela não é misteriosa... mas ela é distante... estática... um pouco intrigante... de início, ela pode ser amedrontadora... quanda ainda lutas contra o espírito da cidade. Mas, quando te deixas envolver, te sentes parte dela... parte de algo estranho, que não se abre pra tu compreenderes, mas te engole, te envolve. Brasília nunca te preencherá, nem revelará seus segredos... ela nunca te confortará... sair pela cidade à noite é sair em busca da tua alma, é mergulhar no vazio... e é um mergulho mesmo, porque a noite é como água... e, se quiseres ser levado... é só teres a coragem de enfrentar os monstros da noite: teu próprio vazio, que o silêncio da noite explica tão bem.
Eu não sou muito boa com palavras... mas eu sei que sou verdadeira quando digo as coisas.
"Você diz q precisa de um foco... foque o espírito e aprenda a cantar como os pássaros" (de um pisciano que me surpreendeu hoje)
"Ninguém pra falar sobre o vermelho que abre esse dia / Tudo está no lugar em que não devia / O mundo sai pra trabalhar enquanto eu abro a água fria / Um estranho no espelho, eu quase nem me conhecia / E uma voz estranha diz: 'bom dia'."
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