Fechado.

sexta-feira, maio 19, 2006

Sol em conjunção com Urano no mapa composto

domingo, maio 14, 2006

"This relationship will challenge the very core of your beings. All your ideas about yourselves and how you fit into other people's lives, as well as life in general, will be tested very severely. If you are strong and secure in yourselves, you both will learn a tremendous amount through this relationship.

Do not expect this relationship to follow any particular established patterns, for you will define for yourselves new behavior patterns that fit only the two of you."



Isso me guia há tanto tempo...



(Amo e quero bem. Sempre. E para sempre presente em minha vida.)

Sábado com cara de sábado

sábado, maio 13, 2006

Mais ou menos assim, aquela rotina legal.

Dia bom...

[Quero meu DVD!]

A suposta existência

sexta-feira, maio 05, 2006

Como eu sei que estou viva?

Na verdade não sei. Não tem como saber. A gente só chama essa existência aqui de vida. Aliás, nem sei se é "a gente", o mundo todo pode ser uma criação minha, e apenas minha. Ou então eu sou um personagem de um livro, e a criança que tá lendo pode cansar de ler a qualquer instante, e plim! Eu, e você, a internet, as árvores e a camada de ozônio desaparecem.

Qual será a sensação de desaparecer? Será que é como morrer? Você não deve sentir nada. Talvez você já tenha morrido muitas vezes durante sua vida. De reprente a criança já fechou o livro e já voltou a ler inúmeras vezes, mas não tem como a gente saber, porque a gente simplesmente deixa de existir, não há consciência para saber, não há dor para sentir. Ou então a gente morre toda vez que dorme, e outras Águedas e Mayras e Henriques e Lobos acordam em um universo paralelo, e quando eles dormem a gente acorda, e claro que o tempo passa diferente. E pode ser também que cada vez que a gente pisca todo um universo nasce e morre, o tempo não é assim como a gente acha. Podemos ser gigantes. Ou formigas. Ou pedaços de energia e informação, matrix, ilusão. Nada.



***



Tive sonhos estranho, de novo. Muita água e sempre presente a morte, e com ela ilusão, apego, solidão, dor. Acho que os sonhos querem me dizer alguma coisa que eu finjo não entender.

De novo, dessa vez mais forte.

quinta-feira, maio 04, 2006

Cansada.

Na verdade, morta.

Crise de novo. Até já enchi o saco de falar sobre isso. Mas dessa vez foi foda...

Eu não tenho para onde ir. Se não for Música, não tem o que ser. Ao menos uma certeza eu já tenho...

Será que eu agüento o que tem por vir? Não tenho idéia. E eu tenho um semestre pra descobrir/decidir se eu consigo passar por isso ou não.

Eu sei que não quero... mas o que será que pesa mais nessa balança?

Não quero pensar que perdi tempo, que poderia ter mudado de opção há muito tempo, isso só me deprime. Aaaaaaaaaaah! Como decidir? Que ódio! Tá tudo errado. O que eu tô fazendo lá?

Mas se não for isso vai ser o que? Bacharel em piano? Eu agüento os 7 níveis de piano + estágio?

Não sei mais de nada... estou até pensando em ir pra Belém terminar o curso em um lugar menos "estamos aqui para formar educadores musicais freirianos, dialógicos e emancipadores".

...

Monstro

terça-feira, maio 02, 2006

Pode me chamar assim. Vai ser verdadeiro.

Eu sou tudo o que dizem e muito pior.

Por isso me saboto, me machuco, me queimo, pra ver se a nova carne vem melhor.

Mas nunca vem.

Ela é sempre cruel, vingativa, mesquinha, egoísta.

O problema não está na carne.

O problema é o espírito.

E o espírito não muda. Nunca mudou. Sempre volta para o que era antes. Cruel, vingativo, mesquinho, egoísta. E todos os nomes que você quiser chamar. Vai ser verdadeiro. Monstro.

Agora eu tenho um registro das minhas faltas!

quarta-feira, abril 26, 2006

Quarta-feira sem Antropologia da Arte é quarta-feira sem UnB.

Os sonhos foram ruins, mas todo o resto foi muito bom.

E as crianças tocam Summertime.

Incrível!



***



(Melhoras procê...)

Guia

terça-feira, abril 25, 2006

Águedas são bichinhos muito raros. Se você encontrar uma, pense bem antes de adotá-la: elas dão trabalho e, se não forem bem educadas, podem ser muito críticas, orgulhosas e irritantes. Agora, se você estiver disposto a ter como companhia um ser artístico, carinhoso, sensível e extremamente fiel, leia o guia abaixo.



1. Quando uma Águeda diz que não quer fazer alguma coisa, não insista. Elas são muito teimosas e costumam ficar chatas, resmungonas e mal-humoradas.

2. As Águedas são gulosas, o que não significa que elas sempre sabem o que querem comer. Preste atenção na sua Águeda e veja o que ela parece mais inclinada a comer no momento. Se ela não quiser tomar café da manhã, almoçar ou jantar, veja se ela está comendo besteira fora de hora ou se ela enjoou da comida de casa (é comum).

3. As Águedas não agüentam rotina por muito tempo. Aproveite os finais de semana para fazer programas variados, mesmo que seja ficar em casa assistindo DVD. Águedas também costumam adorar surpresas.

4. É muito freqüente as Águedas ficarem frustradas quando os planos delas dão errado, mesmo que o plano seja "ir para a aula hoje". Não há muito a se fazer quando isso acontece, apenas mudar o foco da conversa para outra coisa.

5. Águedas odeiam coisas pela metade. Nunca deixe uma conversa inacabada nem tente convencê-la de fazer trabalhos de pouquinho. Águedas não são nada disciplinadas e precisam de energia e pressão para fazer tudo de uma só vez.

6. Todas as Águedas são carentes. Muito. Demonstre o que você sente pela sua. Já foram relatados casos de Águedas que destruiram o trabalho dos donos só para receber carinho e atenção. Estar ao lado de uma Águeda sem fazer nada *não é* dar carinho e atenção, a não ser num dia excepcional, como um domingo ao lado da piscina.

7. As Águedas são seres muito higiênicos e odeiam se sentir sujas. Se uma Águeda acha que está com o cabelo oleoso, nada irá convencê-la de ir para a aula. Ela ficará em casa para tomar banho.

8. Águedas tristes e em crise podem ser insuportavelmente falantes, choronas e repetitivas. Se você não tem paciência para lidar com os picos de humor, encaminhe sua Águeda para alguém que esteja disposto a ouvir o que ela tem a dizer.

9. Você não vai conseguir nada de uma Águeda sendo rude ou grosseiro. Educação e sensibilidade são essenciais, sempre.

10. Águedas precisam de momentos de epifania cíclicos. Não diminua nem desconsidere suas experiências místicas/religiosas - elas são muito importantes para o desenvolvimento saudável da Águeda.



Enfim, proporcione um ambiente agradável, carinhoso e sensível para sua Águeda. Também cuide para que ela durma em quartos aconchegantes e limpos e para que tenha uma alimentação que a agrade. Assim sua Águeda crescerá feliz e desenvolverá todo seu potencial artístico-intelectual-religioso-pessoal, tornando-se no futuro uma companhia equilibrada, carinhosa, dedicada, fiel, corajosa, sensata e amorosa.

Amo essa música! Harmonia linda...

domingo, abril 23, 2006

ELA VAI VOLTAR
(Charlie Brown Jr.)

Minha mente nem sempre tão lúcida é fértil e me deu a voz
Minha mente nem sempre tão lúcida fez ela se afastar
(2x)Mas ela vai voltar

Ela não é o tipo de mulher que se entrega na primeira
Mas melhora na segunda e o paraíso é na terceira
Ela tem força, ela tem sensibilidade, ela é guerreira
Ela é uma deusa, ela é mulher de verdade
Ela é daquelas que tu gosta na primeira
Se apaixona na segunda e perde a linha na terceira
Ela é discreta e cultua bons livros
E ama os animais, tá ligado eu sou o bicho

Minha mente nem sempre tão lúcida é fértil e me deu a voz
Minha mente nem sempre tão lúcida fez ela se afastar
(2x)Mas ela vai voltar

Deixa eu te levar pra ver o mundo baby
Deixa eu te mostrar o melhor que eu posso ser(2x)

Fazer da vida o que melhor possa ser
Traçar um rumo novo em direção ao sol
Me sinto muito bem
Quando vejo o pôr-do-sol
Só pra fazer nascer a lua

Minha mente nem sempre tão lúcida é fértil e me deu a voz
Minha mente nem sempre tão lúcida fez ela se afastar
(2x)Mas ela vai voltar

Pegando o ritmo

quinta-feira, abril 20, 2006

Nhaaaaa!! Nem queria 28 créditos... nem tava feliz com eles mesmo! 24 tá bom, pelo menos eu não fico louca. Bolas. Porcaria. Não é como se eu tivesse esperando por 5 semestre pra pegar Regência, que é isso. Pffff, imagina! Quem ficaria tanto tempo esperando? E conhecendo o departamento de música, quem ficaria feliz ao pegar a tão esperada matéria? Sempre tem algum problema, algo atravancando o caminho. Porcaria. Droga.

Sem Regência 1 esse semestre. Ódio.



Faz muito tempo que eu não posto música. Cranberries.


I STILL DO
(Cranberries)

I'm not ready for this
though I thought I would be
I can't see the future
though I thought I could see
I don't want to leave you
even though I have to
I don't want to love you
(Oh, I still do...)

Need some time to find myself
You wouldn't live with it
Can I go my own way?
Can I pray my own way?
I don't want to leave you
Oh, I need you

Am I ready for this?
Did I think I would be?
Can I see the future?
No, I can't see

I don't want to leave you
Even though I have to
I don't want to love you
(Oh, I still do...)

Vinho

quarta-feira, abril 19, 2006

Eu to cansada, cansada, cansada, cansada, cansada... Muito, muito cansada. Mas agora estou melhor. De qualquer maneira, vou dormir cedo hoje. Amanhã o dia é longo de novo...



(Obrigada por tudo hoje... e por tudo sempre, por todas as coisas que eu não agradeci e que eu ainda quero conversar numa tarde contigo, só pra relembrar todas as coisas legais. Porque elas existem aos montes, ao contrário de tudo que eu possa ter dito nos meus piores momentos. Aliás, desconsidera eles. Considera isso aqui: obrigada. Muito. Por tudo. Por muito mais do que possas querer imaginar. És muito importante pra mim. 20.1.)

Coça, coça

Comprovado.

Eu sou um ser curioso.

Tipo um gatinho, sabe?

Só que nem sempre tão ingênuo.

Não vou fazer isso, não vou, não vou.

Post duplo (2a vez)

domingo, abril 16, 2006

Ou então a gente resolve admitir o que sente e tenta recomeçar.

Mais leve...

vazio transbordando, água

Por que essa sensação de vazio?

Por que essa tristeza?

Eu sinto como se fosse um esforço descomunal. Cansa, dói.

Se eu fico longe melhora. Não penso. Não tenho a realidade jogada na minha cara.

Os sentimentos me tomam por completo, me inundam. Não consigo controlar. Tudo aflora.

E assim eu choro.

Fim de ciclo

sexta-feira, abril 14, 2006

A viagem está chegando ao fim, e eu posso não falar sobre ela? Quero resumir com "foi tudo ótimo, adorei a semana, era tudo que eu precisava". Fui a museus, boates, concerto, show, comprei roupas, conheci gente, fui atacada por um cachorro, enfim, foi bom.

Posso não falar sobre surtos? Eu juro que eles foram bons. Não na hora, claro. Mas foi melhor desse jeito.

Ainda me sinto muito dividida entre racional e passional. Por isso piro às vezes. Dessa vez olhei pra trás e não entendi nada, nada, nada mesmo. Isso me deixou preocupada... preciso ocupar minha mente, me distanciar disso que tanto me faz mal. O que, na verdade, sou eu mesma.

Eu sei que tudo foi muito bom aqui e valeu a pena. A cabeça ainda tá louca, mas devagarinho ela volta pro lugar - sim, já existiu esse equilíbrio! Eu só quero agora voltar pra casa, brincar com meus gatos e pensar no semestre que tá começando. Quero fazer tudo direito, tá na hora já, essa é a reta final. E olha só, volto no sábado. Sabe o que isso significa? Que domingo tem Barulho!

em São Paulo

domingo, abril 09, 2006

Mundo louco, louco.

Viagem decidida com menos de 24hrs de antecedência.

E a ansiedade é mais forte agora do que quando pulei do morro de sei lá quantos metros.

Estou bem agora.

É engraçado, cada vez mais eu percebo que sou o que eu sou.

E, apesar de tudo estar mais tranqüilo agora, toda vez que olho pra ela eu fico inquieta.

O sentimento tá diferente.

Mas ela é tão linda...

Medo, não quero mais ter medo.

sábado, abril 08, 2006

Já perdi o controle de tudo.

Extremos, extremos. Eu não percebo como chego neles. Só vejo quando estou.

Já tentaram correr de olhos fechados?



***



Amanhã estou viajando de novo. Desejem-me boa viagem.

Se ajuda a compreender o sentimento

quarta-feira, março 29, 2006

Eu na terapia cerca de 1 mês atrás:

Psicóloga: Se esse fim de semana, você fosse para uma festa, e se interessasse por alguém lá, você ficaria com a pessoa?
Eu: Não.

Psi: Por que? Vocês não terminaram?
Eu: Porque eu ainda me sinto comprometida, o pacto de fidelidade ainda tá aí, o compromisso tá todo aí. E eu sei que ela ficaria péssima, é uma coisa que eu tenho certeza, ela é muito traumatizada com isso, eu não faria isso com ela nunca.

Psi: E ela? Você acha que ela ficaria com alguém?
Eu: Não. Tenho certeza que não. Ela sempre teve isso muito certo pra ela, ela é ética demais pra fazer uma coisa dessas tão cedo, teria que ser discutido e conversado antes. Eu sei que ela não ficaria com ninguém.

Psi: Hm... complicado, né? Pacto de fidelidade sem namoro... quanto tempo será que isso dura?



***



Por que eu me sinto como ela em 2004?

Confiança quebrada...

Chorando a noite inteira.

terça-feira, março 28, 2006

Confiei demais em promessas difíceis de se manter.
Acreditei cegamente em algo que não pode ser controlado.
"É assim que as pessoas acabam ficando com outras em fins de namoro", eu cheguei a dizer no telefone.
Elas não fazem por sacanagem.
Elas estão sensíveis, tristes, precisam de carinho.
É assim que acontece.
So what difference does it make?

Dois pesos, duas medidas.
É como eu me sinto.
Se fosse o contrário, como você estaria se sentindo?

E tudo aquilo que eu acreditei, está onde?
Todas as verdades que eu comprei - e que não eram as minhas -
o que eu faço com elas agora?
Jogo no lixo e volto a ser a Águeda que eu era antes de te conhecer?
Eu não quero isso...
Eu sei que mudei muito para melhor contigo.
Quero acreditar que o teu mundo é possível.
Mas como eu posso acreditar nisso
se as leis não se aplicam do mesmo modo para mim e para ti?

Por que é diferente?
Só quero que me respondas isso.
Porque, ao meu ver, não é.

Segundo a minha lógica anterior, não tenho direito de me sentir mal.
Quando terminei o namoro abdiquei de todos os direitos, inclusive esse.
Essa lógica antiga é que ainda me deixa com os pés no chão.
Se não fosse por ela, acho que eu já teria outras feridas por cicatrizar.

Louise

terça-feira, março 07, 2006

Não sei por onde começar. A história na verdade não tem começo, eu tenho para mim inclusive que ela nem começa, ela só é. Talvez se inicie na pré-adolescência, quem sabe na infância, ou ainda (é possível) numa sessão de terapia de auto-conhecimento. Não sei onde, quando, porquê. Sei que, se é pra começar de algum lugar, eu começo dizendo que gosto de gatos.

Eu nunca pude ter um gato em casa, então me acostumei a ficar admirando os bichanos de longe. Tinha medo de chegar perto, achava que eles eram criaturas instáveis, poderiam me arranhar, machucar. Mas sempre os achei lindos, e criei uma certa identificação com eles. A destreza, a desconfiança, o andar felino, os olhos que parecem atravessar sua alma. E ainda tem todas as lendas e mitos sobre gatos, e a enorme conexão com magia. A ligação com o mundo do éter, do intuitivo, do inconsciente, da sabedoria profunda, dos medos, dos mortos, de Perséfone. É, eu tinha muita coisa em comum com os gatos, embora só eu soubesse - ou melhor, nem eu soubesse.

Agora registro meu marco temporal, apesar de esse marco ser fluido. Um dia algo aconteceu. Simples assim, mas tão mais complexo do que isso, pois era uma rede de vivências e paixões, não aconteceu algo em um dia, aconteceram vários algos em muitos dias de minha vida que culminaram nesse dia sobre o qual vos falo agora. Peço desculpas pela prolixidade, mas apenas tento passar minhas sensações mais verdadeiras sobre o ocorrido: não foi em um dia que aconteceu, foi em muitos, o tempo não é nada nessas horas de epifania, gosto dessa palavra, epifania. Nesse dia, olhe só, eu vi um gato morto.

O que há de novo em ver um bicho morto nas ruas da cidade?, vocês podem questionar. Nada, eu responderia. Nada. Mas Vinícius me vem à cabeça, "nada parece mais com o fim de tudo que um gato morto", e acho que naquele dia, que não foi um, foram vários, eu compreendi esse soneto, por sinal, o soneto com a chave de ouro mais dura que eu conheço, não que eu conheça muitos, mas enfim. O gato estava lá, no chão, no meio da rua, tinha sido atropelado, os olhos saltados, o corpinho amassado, deformado, grudado ao asfalto, sangue por toda a parte. Nó na garganta. Queria chorar, não entendia por que, o gato nem era meu, e ainda por cima era um gato! Logo eu, que tinha aprendido desde cedo, como uma boa criança de classe média, a olhar para o outro lado quando uma pessoa morria de fome ao meu lado na rua, agora submergia em mim tentando manter a postura firme, não vou chorar, não sou louca, não há motivo.

xxx

Onze da noite, está na hora. Os gatos devem estar esperando, eles agora esperam por mim embaixo dos carros aqui na frente de casa, há vários gatos de rua aqui pelo conjunto, eles hoje não precisam revirar o lixo. É difícil ganhar a confiança deles, eles são ariscos, mas quando estou sozinha com eles me sinto plena, como se tudo estivesse no seu devido lugar, e eu fosse mais um espírito de gato no mundo, eles que ainda não perceberam. Divido minhas tristezas e paixões com eles, finalmente sinto como se alguém estivesse cuidando de mim, estou protegida - provavelmente uma inversão de valores, considerando que os gatos nem chegam muito perto de mim, mas quem espera sanidade de alguém que chorou ao ver um gato morto? Um deles parece demonstrar mais confiança, ou quem sabe ingenuidade, não deve estar há muito tempo nas ruas até porque parece ser filhote, lindo, todo tigradinho, acinzentado. Mais tarde descobri ser uma menina, e a batizei para mim mesma de Louise.

xxx

A vida não se dá em ciclos, pois ela é uma face desse ciclo, é a Existência que se dá em ciclos de vida e morte, ou a Não-Existência, dependendo do ângulo que você olha, afinal, elas também se dão em ciclos. É tudo uma grande espiral, e nessa espiral os momentos se repetem, às vezes repetições tão diferentes entre si que somos incapazes de perceber a semelhança, às vezes cruelmente similares, como se surgissem para te testar, é a Roda da Fortuna, hoje é seu dia de azar, "o Fortuna, velut luna, statu variabilis".

Nesse dia, que também foram vários dias, mas que no calendário corrente foi apenas um dia, e bem distante daquele primeiríssimo, vi um gato morto. Não deveria ser outro dia, por favor, diga que o tempo está voltando, isso não aconteceu, eu já passei por isso! Mas não por um gato que você tem afeto, replicaria a Fortuna, se eu pudesse entendê-la. O gato estava molhado, jogado numa vala no canto da rua, chovia de leve, seu peito parecia estar aberto e ele sangrava na cabeça e no peito, era apenas um filhotinho, provavelmente atropelado, será que o motorista chegou a perceber o que fez? Parei o carro ao seu lado, fiquei olhando estática, aquela cena me doía mas eu precisava dela, eu tinha que ver, era meu filho, queria abraçá-lo, mas minha loucura ainda não havia chegado àquele ponto, as lágrimas caíam e eu não queria sair daquele lugar, eu não queria abandonar o gato, apesar de eu saber que não tinha mais o que ser abandonado, ele era só corpo, a chuva caía e ele nem piscava, não havia mais vida alguma ali.

xxx

Esperei naquela noite, ainda tinha alguma fé, afinal, dizem que os gatos têm 7 vidas, isso quando não dizem que eles têm 9, por favor, que tenha sido outro gato, e ao mesmo tempo me corroía por ser egoísta a esse ponto, um gato é um gato, não importa se ele é mais próximo de você ou não, nenhum merece morrer daquele jeito. Eu já sabia, na verdade eu soube quando eu vi, mas eu não quis admitir, falei que não sabia, todos os gatinhos se parecem tanto, pode não ter sido o meu, mas era. Os gatinhos pretos chegaram para comer, o tigradinho adulto também, mas Louise, que sempre era a primeira a me acompanhar e aceitava todos os meus carinhos sem reclamar, nunca apareceu de novo. Naquele noite, eu chorei do mesmo modo que havia chorado para Louise quando minha vida parecia se desintegrar, ela não entendia nada, mas ficava olhando, curiosa. Dessa vez ela não poderia me olhar daquela maneira, ela estava lá, sendo devorada por insetos do outro lado da rua, e ninguém fazia nada, não havia nada a ser feito, a não ser chorar a morte de apenas mais um gato de rua.

 
Odeio Cócegas - by Templates para novo blogger