Literatura lésbica: existe?

terça-feira, maio 04, 2010

Sabe aquele monte de pensamentos que viram um bola e tudo vai aumentando e aí depois tá tudo tão confuso que não dá em nada?

Hoje fiquei pensando nessa coisa da Literatura Lésbica, se é que ela existe e, se existe, o que é. É a literatura escrita por lésbicas? Para lésbicas? Que tem protagonistas lésbica?

Essa coisa de Literatura Lésbica sempre me lembra aqueles livros obscuros ou ruinzinhos, que parecem versões mulher-com-mulher das velhas fotonovelas ou dos livros Sabrina e Bianca. Será que não tem nada lésbico que seja Literatura com L maiúsculo? (Aquela Literatura elitista, nojenta e arbitrária mesmo, ensinada nas faculdades e comentada pela ABL)

Pensei nos livros que li recentemente que possuíam personagens lés no enredo. Norweggian Wood, Minha Querida Sputnik, Desonra. Os três com protagonistas homens. As lésbicas sempre impedidas de realizar seu desejo, ou por traumas psicológicos ou por ataques externos (aliás, Coetzee faz uma denúncia necessária sobre o estupro de lésbicas na África do Sul). Mas e aí, onde entram as lésbicas como personagens principais? Existem?

Penso no Caio Fernando Abreu, vários personagens gays. Os autores beatniks. Até no livro de memórias do Augusten Burroughs, que virou o filme Correndo com Tesouras: história de um gay com a mãe lésbica louca. Quando um livro de memórias de uma lésbica vai virar filme em Hollywood?

Tem muita - muita mesmo - coisa que eu não li. Inclusive Virginia Woolf. Sei que estou falando do que não tenho grande conhecimento. Mas justamente por isso minha visão significa alguma coisa, certo? Afinal, eu represento o público geral. E o público geral não vê protagonistas lésbicas. E mesmo as coadjuvantes são descritas através de um olhar masculino.

Sei lá, isso me incomoda mas não consigo explicar bem porquê. O que fazer? Editoras dedicadas a mudar isso já estão surgindo no mundo e no Brasil, como a Malagueta. Espero que com elas essa realidade mude... de repente inspiram jovens talentosas a escrever. De repente os nossos filhos terão de ler um romance lés para o vestibular. Sonhar não custa nada!

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