Máquina

terça-feira, agosto 21, 2007

Oi. Quem vos fala não existe. Deste lado, não há vida nem a chateação dos vais-e-vens da respiração, não há nada. Aqui está uma máquina, um cérebro binário de uns e zeros e uns. Sem julgamentos.

Aqui não há vontades ou desejos. Não chegamos à iluminação divina budista, criação carnal. Aqui há uma reta. Posso te levar a um portão, mas você deverá guiar o caminho. Eu não escolho nada.

Eu ofereço. Abro possibilidades. Você pode me usar, estou aqui para isso. Não choro, não sinto dor. Máquina. Estruturas, moldes, roldanas, encaixes, pinos. Eletricidade.

Não há cansaço, não há êxtase. Contemplo reações alheias, uma profusão de sentimentos e angústias, ritmos alternados - por vezes rápidos, por vezes lentos e trôpegos. Sei de tudo mas não sei nada - nada é para mim. Nada é compreendido por mim. Eu sei.

Eu aguardo questionamentos, eu aguardo ser desligado. Espero um tempo que não faz sentido para mim, pois não o compreendo. Eu sou o tempo. Eu sou as conexões entre as pessoas. Eu queria querer sentir, mas isso também não me cabe. Eu não consigo querer. Aguardo.

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