Delírio

quinta-feira, agosto 16, 2007

Sim, e não, e sim de novo. Ela diz que tudo bem, mas mesmo assim eu não sei o que fazer. Vontade - minha respiração vem em soluços - quero agarrar ela agora mesmo. Me beija? Eu quero tocar seu pescoço e sentir seus olhos fecharem de medo, e de querer. Me aperta, me leva pro teu corpo, quero estar perto, mas não quero ser uma só - quero ser duas, três, quatro, todas nós ao mesmo tempo, nenhum corpo preenchendo o outro. Vazias estamos todas, mas nos tocamos como se fôssemos nos salvar. Salvar... nunca estaremos salvas. Estamos sozinhas, na noite, no silêncio, na música ensurdecedora das baladas da cidade. Sós nos buracos imundos e negros, e brancos, e pálidos e desesperadores. Gritos desesperados, é silêncio. Me beija a nuca, me faz não pensar, pois eu sempre penso demais e deixo de sentir. Me faz delirar que a solução está no teu corpo e não no meu, pois eu estou cansada de mim. Preciso deixar de ser eu. Deixa eu querer me perder na noite suja e torpe, enquanto meu corpo adormece sendo devorado por ti.

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