Semana da Cirurgia

sexta-feira, setembro 03, 2004

Acabou que a tal "emergenciazinha" durou 5 dias. Logo que publiquei o último post fui para o Santa Lúcia, e passei a sexta-feira toda no hospital. Tive a notícia nada agradável de que a batida tinha afetado o meu pâncreas e que eu teria que operar, tudo muito rápido, mal deu tempo de pensar. Eu mal me lembro desse dia, lembro dos vários médicos passando para me examinar over and over, lembro dos exames, do soro, da dor... e de dormir. Toda a família foi pra lá, alguns amigos, meu pai que estava em Belém, enfim, gente que eu acabei nem falando, pois estava mais pra lá do que pra cá.

Operei na noite de sexta, lá pras 7 horas. Pelas 10 a operação tinha terminado e eu fui para um dos quartos. Da noite de sexta e do dia de sábado lembro pouco também; de algumas pessoas que foram me visitar, do desconforto da sonda, da garganta doendo por conta do tubo nasogástrico, de ter que levantar da cama pela primeira vez... minha família me ajudou muito. Se não fosse por eles, acho que ainda estaria no hospital.

Minha previsão inicial era de ficar por lá 7 dias, no mínimo. Acabei me recuperando rápido e saí com 5, na quarta-feira, dia 1o de setembro. O melhor setembro da minha vida!, era a frase. O tempo que eu passei no hospital não foi ruim... foi apenas diferente. Eu nem tive tempo de pensar "como vou encarar isso?" Foi mais um "é, vamos melhorar pra ir embora logo". O que me animava era esperar pela pessoa que iria me visitar no outro dia, a mudança na dieta (no início, nada... depois alguns sucos... depois sopa... depois, sopa com pedacinhos!!) ou a retirada dos "apetrechos". A noite era sempre a pior hora... mas, depois da alta, não tive mais problemas para dormir. Cama conhecida, braços livres, que delícia!

Hoje retirei os pontos. Ainda estou devendo a foto da minha centopéia. Devo ter levado 34 pontos, e estou ansiosa pra saber como vai ser a cicatriz, já que todos me falaram que ela ainda vai ficar bem diferente do que está agora. De qualquer maneira, ela deve ficar grande, mas bem fina. E sabe que isso foi o que menos me incomodou até agora? Na verdade, estou até gostando da idéia. Coisas de quem nunca teve uma cicatriz de verdade.

Também hoje começou a me bater a tristeza que eu sabia que viria, e sabia que estava demorando... a tristeza da mudança. Mudar de alimentação; fácil de falar, difícil de pensar na vida real. A menina-formiga está com os dias contados, entrando no lugar a garota diet/light. Ironia das ironias! Mas é o que tenho a fazer, com 1/3 do pâncreas. *suspiro* É só questão de me acostumar, eu sei que é. Mas até lá ainda vou ter algumas crises de saudade do tempo em que eu me empanturrava de nutella e coca-cola.