vida/morte

terça-feira, junho 06, 2006

CADA UM
(Fernando Pessoa)

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,

E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.
Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.
Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.



***



Não quero fazer minha prova... quero descansar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Queria saber o que eu devo cumprir...

Anônimo disse...

(Irrlimêud)

HenriqueS disse...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...

...Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas...

...Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras...

...Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu...

...E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário...

E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto...

ENFIM... Fernando Pessoa é MUITO BOM!

 
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