quinta-feira, novembro 04, 2004
Já mencionei que eu fervilho com novas idéias sempre que meu aniversário está chegando?
A vela estava esperando uma decisão. Ela estava com o fósforo entre os dedos, pensando. Acenderia? Talvez fosse melhor deixar tudo do jeito que está. Ele nunca lhe pediu ajuda, e não era agora que ela ia dar uma de intrometida. Pra quê? Pra ele vir depois reclamando, jogando na cara dela? Ela ficaria morrendo de vontade de dizer: "você não sabe de nada, meus sonhos estão se concretizando...", e ele ficaria com raiva, e ao mesmo tempo, incrédulo. "Você ainda acredita que isso vai acontecer? Achei que tinha crescido."
Ah! Crescido, claro. Por que ele não acredita? Um dia ele vai acreditar. Quando tudo acontecer... ela pensou em riscar o fósforo, mas se segurou. Não vai adiantar nada... vocês vão brigar de novo, é pra isso que vai servir. Deixa quieto.
Mas ele me pressiona tanto! Odeio o jeito que ele olha pra mim quando eu falo sobre o que acredito. Se eu parasse de falar, tudo se resolveria... mas não! Eu não devo deixar minhas coisas de lado só por causa dele.
Será que eu faço? Eu não devia me meter onde não fui chamada, mas não é isso que sempre faço? Se não fosse assim, nem estaríamos juntos. É, bom ponto. Acho que vou fazer... quem sabe assim... quem sabe assim ele finalmente entende.
Ela riscou o fósforo e acendeu a vela. Olhou a seu redor. Ah! Já dei o primeiro passo, não posso recuar agora. Vai ser para o bem dele... E vai ser feito agora. Pegou as garrafas de bebida do bar, uma por uma, e jogou violentamente no chão. Respirou fundo... é, é isso mesmo. Seu coração batia forte, e ela sentia um prazer quase sexual antevendo o que ia fazer. Ia ser lindo... estava ofegante vendo a sujeira no chão. Lembrou do rosto dele com raiva, lindo, ele ficava lindo! Ela sorriu... sabia que era hora. Delicadamente, tomou a vela nas mãos, e de uma maneira teatral a deixou cair. Esperou as chamas se espalharem, eram pequenas, mas logo cresceriam. Logo, tudo estaria vermelho...
Com uma calma que ela não esperava ter, abriu a bolsa, pegou a chave e andou com cuidado em cima de seu salto agulha até sair do apartamento. Tremeu um pouco ao trancar a porta. Calma, já foi feito, não tem com o que se preocupar. Chamou o elevador e esperou.
1 comentários:
Nossa, essa historia todo soou tao metaforica :p Ta, eu nao sei oq tem por tras disso, mas algo tem sim...
Qt raiva condensada, hein? :p
Bjao!
Kika
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