Esses dias foram tão loucos e cheios de coisa. O Igor finalmente saiu do hospital, eu acabei indo na casa dele apesar de ter dito que não ia, e fiquei super desconfortável lá, culpa minha. Antes disso teve a inauguração da Livraria Cultura do Iguatemi, a loje está linda linda linda linda linda, vontade louca de voltar pra lá, mas aí a realidade bate na cara e fala "hellooooo, forma em alguma coisa e depois pensa em trabalhar, peloamordadeusa!" Revi tanta gente, falei tanta besteira, tomei prosecco, vi que tem gente conhecida trabalhando na Cultura, fiquei com medinho de entrar em Clássicos, conheci a mulher do Romero, descobri que gosto de aipo! A noite foi fantástica, mas muito doida, muita informação junta, muita emoção. Seu Roberto estava lá, quase me fez chorar. Eu gosto dele, ele é um fofo e uma figura paternal. Tenho tantas lembranças boas que nem dá vontade de falar, dá vontade de guardar tudo pra mim mesmo sabendo que eu esqueço das coisas e essa noite vai desaparecer como névoa da minha memória. Mas talvez seja melhor assim, lembrar que algo foi bom e não saber muito bem por quê, perdoar o que aconteceu de ruim, seguir em frente e viver no presente. Whatever.
Com o Igor essa noite foi meio estranho também, eu não me senti com ele, sei lá. Coisa de gente doida. Estranho ele estar de volta em casa, a iluminação estava diferente, nem parecia a casa dele. Eu fiquei esperando as pessoas quebrarem as paredes e a gente estar de volta no hospital no quarto 1408, ops, 114, mas que bom que não aconteceu. Eu ainda to magoada com tudo, quero que passe logo e só depende de mim, mas eu sei que sou rancorosa e isso dificulta as coisas. A verdade é que eu acho que sou muito mais pro Igor do que sou; eu sou uma namorada, preciso voltar pro lugar de namorada. Mas depois de tanto tempo no hospital a gente se acha importante e fantasia mil coisas e acha que é alguém e que os outros estão vendo isso mas não, ninguém vê nada além de suas próprias vontades, e eu devo estar no meio disso porque eu não sou diferente do resto do mundo. Eu queria ter recebido um obrigada, um "valeu aê!", um reconhecimento. Me senti deixada de lado. E pior: eu achei que estava ajudando quando, na verdade, as pessoas me queriam longe. É uma sensação péssima de rejeição, você querer participar de uma coisa e não poder. Não quero ficar remoendo isso, quero que passe, mas o fato é que estou triste e quero colo. E eu devia estar dando colo pro Igor agora, não o contrário. Acho que vou abraçar os gatos e encher o saco deles até eles miarem e fugirem de mim, e aí eu vou me sentir rejeitada de novo mas dessa vez de uma forma meio cômica e vou dormir com o Snif. Como tem sido todas as noites desde que saí do hospital...